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Recife, Pernambuco, Brazil
O Blog Educar com Cordel é editado pelo poeta e escritor Paulo Moura, Professor de História e Poeta CORDELISTA. Desenvolve o projeto EDUCAR COM CORDEL que visa levar poesia e literatura de cordel para as salas de aula, ensinando como surgiu a Literatura de Cordel, suas origens, seus estilos, suas heranças. O Projeto Educar com Cordel é detentor do Prêmio Patativa do Assaré de Literatura de Cordel do MINC (Ministério da Cultura).

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O SONHO DE ZÉ CACHAÇA - Paulo Moura


A cachaça é um produto
Que muita gente aprecia
Tem quem goste tanto dela
Que consome todo dia
Mas se não tiver cuidado
E não beber controlado
O cabra entra em ruína
Se dela não se afastar
Vai viver de bar em bar
Parando em cada esquina

Meu compadre Zé Cachaça
Me contou que um certo dia
Uma vez passou da conta
Pois bebera em demasia
Chegou em casa à noitinha
Foi logo pra a camarinha
Pra a mulher não reclamar
E porque tava cansado
Se deitou, virou pro lado
E pegou logo a sonhar

Alguns minutos de sono
Zé Cachaça se acordou
Não vendo a mulher dormindo
Na cama em que se deitou
Levantou-se assustado
Esbarrou num véi barbado
E foi logo perguntando:
Não vi o senhor entrar?
O que é que faz no meu lar?
Vá logo se explicando!

O homem, de terno branco
E um cajado de cêdro
Falou para Zé Cachaça:
Não temas, que eu sou São Pedro!
E este lar não é o seu
Pois você hoje morreu
E como não tem maldade
E foi um bom tabaréu
Vai morar aqui no céu
Por toda eternidade...

Zé Cachaça assustado
Com aquilo que tinha ouvido
Falou para o santo homem:
Eu não posso ter morrido!
Me ajude por favor
Peça pra Nosso Senhor
A vida me devolver
Se o bom Deus fizer isso
Eu juro por Padre Ciço
Que eu nunca mais vou beber!

São Pedro lhe respondeu:
A vida eu posso lhe dar
Mas só numa condição
Tu vai poder retornar
Pelas ações que fizeste
Peço para o Pai celeste
Te dar a chance singela,
De tu voltar pra a terrinha
No corpo de uma galinha
Ou então, de uma cadela!

E Zé Cachaça pensou:
Como cadela não dá!
Pois quando eu tiver no cio
Vão me botar pra cruzar...
E no pensamento seu
Pra São Pedro respondeu:
A gente lá se arranja
A morte pode esperar
Pois pode me transformar
Numa galinha de granja!

Quando Zé abriu os olhos
Estava num galinheiro
Viu logo um galo tarado
Lhe olhando do poleiro
Que lhe falou sem tremer:
Você vai ter que escolher,
Não tenho nada de novo
Aqui neste meu recinto
A galinha, ou choca pinto
Ou fica botando ovo!

Zé pensou com seus botões
Que pra chocar pinto tinha
Que cruzar com o velho galo
(Pois era uma galinha!)
Falou pro galo de novo:
Eu prefiro botar ovo
Não sei se vou aguentar
Pois sou muito apertadinha
O galo disse: Tadinha!
Então comece a treinar!

Zé fazendo grande esforço
Sentiu um ovo saindo
E ficou até feliz
Pois estava conseguindo
Tentando mais uma vez
Botou mais dois e mais três...
De repente, alguem lhe chama
E ele assuntando: quem é?
Sua esposa que disse: Zé?
Tu tás cagando na cama??
 
 
(Paulo Moura)

Um comentário:

  1. Meu Poeta, Mestre e Amigo Paulo Moura:
    Genial! Apesar de tomar uns aperitivos ("branquinha!") todo dia, procuro controlar-me. Pelo menos, até agora, não sonhei com São Pedro!
    Abraço fraterno!

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