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Recife, Pernambuco, Brazil
O Blog Educar com Cordel é editado pelo poeta e escritor Paulo Moura, Professor de História e Poeta CORDELISTA. Desenvolve o projeto EDUCAR COM CORDEL que visa levar poesia e literatura de cordel para as salas de aula, ensinando como surgiu a Literatura de Cordel, suas origens, seus estilos, suas heranças. O Projeto Educar com Cordel é detentor do Prêmio Patativa do Assaré de Literatura de Cordel do MINC (Ministério da Cultura).

sexta-feira, 26 de março de 2010

A HORA DO CORDEL


A BEATA QUE PREVIU A VOLTA DO SALVADOR 
(PAULO MOURA)
1
O fanatismo é um mal
Que acomete o ser humano
Em escala mundial
Se crê sem temer engano
De muitos tempos atrás
Até dias atuais
A fé é um grande segredo
E melhor que duvidar
Do divino, é aceitar
Aquilo que nos dá medo
2
Essa estória aconteceu
Nos confins de Solidão
Que é uma cidadezinha
Lá nas brenhas do Sertão
Proveniente da mata
A família da beata
Nininha de Chico Flor
Se mudou para a cidade
Buscando oportunidade
Na salvação do Senhor
3
Nininha sempre dizia
Que Jesus tava voltando
E vivia, noite e dia
Pelos sinais esperando
E pra fazer caridade
Se mudou para a cidade
Para mais perto ficar
Da sua querida igreja
E pra tentar, na peleja
A sua crença pregar
4
Nininha não conhecia
Nada de modernidade
Proveniente do mato
Não conhecia a cidade
Vivendo na santa paz
Nunca tocou num rapaz
Andava sedenta e louca
Vivia de oração
Nunca soube o que é tesão
Nunca deu beijo de boca
5
Alugando uma casinha
Bem pertinho da matriz
Nininha muito carola
Vivia muito feliz
Pegada nas “iscritura”
Se achava santa e pura
Vivia sempre a dizer
Que em forma de uma luz
O nosso Senhor Jesus
Para a terra ia descer
6
Num dia de feriado
Grande festa na cidade
O prefeito, cabra novo,
Cheio de modernidade
Preparou uma estrutura
Que era uma formosura
Um evento pioneiro
Um espetáculo arretado
Com um forró estilizado
Seria grande o salseiro!
7
Nininha não conhecia
Essa banda estilizada
Pois viveu toda sua vida
Em casa enclausurada
Quando a banda foi montar
O palco pra ensaiar
Nininha foi no quintal
Orar para o pai fiel
Mas quando olhou para o céu
Começou a passar mal
8
Avistou do seu terreiro
Um facho de luz dourada
Que descia lá do céu
Então falou: É chegada
A hora da salvação
Valei-me São Salomão!
Tô vendo um facho de luz
E correu pro mei da rua
De beibidol, quase nua
Dizendo: Lá vem Jesus!
9
Num misto de assustada
E até um pouco feliz
Sem cuidar da vestimenta
Foi pra frente da matriz
Com os olhos firmes na luz
Se postou ao pés da cruz
Que fica rente à pracinha
Deu de garra do rosário
E num gesto imaginário
Começou a ladainha


10
- Meu Salvador, pode vir
Que eu já estou preparada
Vou viajar nessa luz
Pois minha hora é chegada!!
Nisso chega o sacristão
Que sem saber a razão
Dessa ação tresloucada
Lhe pergunta indagativo
Qual a razão, o motivo
Dela estar tão agitada
11
A nossa hora é chegada
Não está vendo, infiel
Você não arreparou
No clarão vindo do céu?
Nisso o povo foi chegando
E o sacristão, Zé Orlando
Disse fazendo careta:
- não é sinal de Jesus
É só o canhão de luz
Da banda calcinha preta!
12
Foi quando ela envergonhada
Com o povo rindo ao redor
Desprevenida que estava
Somente de beibidol
Com vergonha desse ato
Se mudou, voltou pro mato
Pra sair desse escarcéu
Hoje em dia inda é beata
Mais derna daquele dia
Nunca mais olhou pro céu!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Vejo tudo: Março 2010

Gente, olha que Blog interessante que encontrei através de leitura no site do meu amigo Luizberto. Trata-se do Blog da Papisa Aline Berto, esposa de Berto, e o nome do blog ja diz tudo. Confiram!
 
Vejo tudo: Março 2010