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Recife, Pernambuco, Brazil
O Blog Educar com Cordel é editado pelo poeta e escritor Paulo Moura, Professor de História e Poeta CORDELISTA. Desenvolve o projeto EDUCAR COM CORDEL que visa levar poesia e literatura de cordel para as salas de aula, ensinando como surgiu a Literatura de Cordel, suas origens, seus estilos, suas heranças. O Projeto Educar com Cordel é detentor do Prêmio Patativa do Assaré de Literatura de Cordel do MINC (Ministério da Cultura).

domingo, 27 de novembro de 2011

Consciência Branca


Somos todos herdeiros dessa raça
Que hoje sofre terrível preconceito
Relegada a viver sempre no eito
Amargando abandono e desgraça

Como tudo na vida, o tempo passa
Passam lutas, governos, pensamentos
Só não passa a tristeza e o sofrimento
Do chicote, da fome e da mordaça

Hoje, o negro se encontra libertado
Mas a dor é a mesma do passado
Mesmo longe do tronco e da senzala

Comparando essa sorte tão mesquinha
Vejo o negro sofrendo na cozinha
E o branco gozando lá na sala!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

CHÁ DE CORDEL




DIA 25/11 (SEXTA-FEIRA)
COLÉGIO MUNICIPAL CÔNEGO TÔRRES
PROGRAMAÇÃO

MANHÃ (9:00 às 11:30)

  • Conferência de Abertura: Prof. José Apolinário (9:00 às 9:30) - Auditório
Tema: Cordel como literatura de resistência
  • Oficina de Cordel: Poeta Paulo Moura (9:30 às 11:30) - Auditório
Tema: Um cordel sobre o cordel   

Coffee break (9:30 as 10:00)



TARDE (14:00 às 17:30)

  • Oficina de Pintura: Jorge Costa (Salão lateral  do Colégio Cônego Tôrres)
Tema: Desenhos estilo xilogravura
  • Palestra com autor belmontense Valdir Nogueira – Auditório
Tema:  “Influências da Arte Armorial”
  • Mesa-redonda: A influência do cordel na cultura nordestina (14:00 às 15:30)
Participantes: Anildomá Williams (Fundação Cabras de Lampião)
                        Rui Grúdi (Poeta e Cantor)
                        Paulo Moura (Poeta)
                        Professor Tião de Triunfo (Professor)

Coffee break (15:30 as 16:00)

  • Apresentação das escolas (16:00 as 17:30)

1.         Ariano Suassuna: O mestre da cultura nordestina – ANTONIO TIMÓTEO
2.         Movimento Armorial 40 anos – CORNÉLIO SOARES
3.         A chegada de Lampião do céu – METHÓDIO GODOY
4.         A chegada de Lampião no inferno – IRMÃ ELIZABETH

Encerramento com a fala da coordenadora do PIBID/LETRAS – Profa. Dra. Dorothy Brito (17:30)

Exposição do que foi produzido na oficina de pintura na área externa da escola.

CONVERSA DE ESCRITOR DO PAJEÚ PARA O MUNDO


Sábado dia 26 de novembro em Serra Talhada, escritores e poetas do Pajeú se reunirão para participar do encontro “CONVERSA DE ESCRITOR DO PAJEÚ PARA O MUNDO".


O encontro é uma iniciativa da FUNDAÇÃO CASA DA CULTURA DE SERRA TALHADA  em parceria com a FUNDAÇÃO CABRAS DE LAMPIÃO e tem a finalidade de debater a literatura "pajeuzeira" no contexto, local, nacional e mundial.A "Conversa de Escritor" vai acontecer durante todo dia com palestras do escritor Wellington de Melo e o dramaturgo Adriano Marcena. A noite estarão todos participando de mais uma FEIRA DE ARTESANATO na Concha Acústica - O Marco Zero da Cidade.

Lá haverá lançamento dos livros: Nas Rédeas da Poesia de Dudu Moraes, Poesia de uma Camareira de Cida Flosi, O Peso de Medo - 30 poemas em Fúria de Wellington de Melo e Cara & Coroa de Lima Júnior, e também uma declamatória de poesia do Pajeú com a participação de Dedé Monteiro, Gonga Monteiro, Antonio Moraes, Neide Nascimento, Felipe Júnior, Paulo Moura e muitos outros. Finalizando a noite com um show de Edierk.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A ARTE DE NARRAR – A LITERATURA DE CORDEL



A Literatura de Cordel é uma herança e um legado trazidos pelos irmãos de além mar, a saber, Portugal, França, Inglaterra, Espanha, etc. E que veio fazer pouso nos rincões nordestinos do Pajeú de Flores.
Nosso primeiro artífice, que transformou esta Literatura estrangeira moldando-a ao nosso estilo e ao nosso gosto foi o cantador Agostinho Nunes da Costa. Posteriormente outros grandes foram surgindo, como Ugolino de Sabugi, entre outros.
Com a introdução, tardia, da imprensa no Brasil - este o ultimo país das Américas a dispor de uma imprensa - este tipo de literatura sofreu diversas fases de incompreensão e vicissitudes, ao contrário de outros países onde ela é normalmente aceita e incluída nos estudos oficiais de literatura, a literatura de cordel, mesmo com a sua vasta biografia e a enorme produção de folhetos, continua ainda em boa parte desconhecida do grande público, principalmente por causa da distribuição efêmera dos folhetos.
Contudo, mesmo sofrendo diversas transformações tanto na escrita como na fala, este tipo de literatura preserva a sua principal arte. A arte da narrativa.
O poeta, não só sente a vontade de passar em forma de poesia e de narrativa, aquilo que sente como também tem a necessidade de fazê-lo.
Quantas e quantas pessoas de certa idade, não nos vem testemunhar que o Cordel, foi para elas a primeira ferramenta para o aprendizado. Para o conhecimento da leitura e das coisas do mundo. Das estórias fantásticas contadas pelos cordelistas e cantadas nas feiras do interior.
A arte da narrativa é coisa tão fantástica que é sabido que a maioria dos vendedores de Folhetos que comercializavam nas feiras, não sabiam ler. Eles ouviam o poeta recitar, decoravam e, com o cordel nas mãos recitavam na feira, fazendo a delícia daquela gente pobre e ávida por novidades.
E é dentro deste panorama que mistura o real com o imaginário, o fantástico com o circustancial, que o poeta cordelista vem a ser o centro dessas atenções. Com sua métrica perfeita, com sua obrigatoriedade da rima correta, com aquela sequencia se estrofes harmoniosas o poeta contava um conto e aumentava vários pontos.
O poeta Jessier Quirino define bem o que seja um mestre da narrativa, quando diz que não é apenas um artista, mas um escutador das coisas do povo. E assim a gente descobre que o povo gosta de se ver retratado nesse universo de magia que é a poesia de cordel. O verso matuto. O repente.
Num tempo onde não existia veículos de comunicação que alcançasse os mais distantes rincões, o cordel reinou absoluto. Pois, ali ele era o principal veiculo de comunicação.

Lembrando esses tempos áureos da poesia de cordel, a gesta registra estrofes como esta:

“Ali se aprecia muito
um cantador, um vaqueiro,
um amansador de burro
que seja bom catingueiro
um poeta repentista,
ou então um cangaceiro.”

No berço mãe da poesia, São José do Egito, ainda temos o prazer de ouvir as pessoas se cumprimentarem com um: “Bom dia, poeta!”. É lá onde se diz que todos os moradores são poetas. Uma pergunta que nunca quer calar é saber o porque de o cordel ter encontrado terreno fértil para sua disseminação, sendo o sertão terra tão seca e distante. Uma resposta me persegue que é o fato de saber que a necessidade de se comunicar fez daquele povo poetas em potencial. E desses, grandes narradores da estória e dos costumes do seu povo. E que esse legado se perpetue e não morra jamais, pois, no dia em que a poesia morrer, com ele morrerá o sentimento e o amor de todo ser vivo.
Viva a poesia!

Paulo Moura – poeta cordelista, escritor e pesquisador.

O NATAL QUE EU QUERIA! - Paulo Moura




Entra ano e sai ano
e a cantiga é sempre igual
quando chega o mês Dezembro
como se num ritual
as ruas iluminadas
lojas todas enfeitadas
anunciando o Natal

Nas empresas, é normal
a confraternização
bebem, comem, dão presentes
na mais perfeita união
só se esquecem de Jesus
que do Natal é a razão

E naquela animação
virou “amigo do peito”
quem durante o ano todo
lhe encheu de falha e defeito
depreciou seu trabalho
e hoje te vê de outro jeito

Até que age direito
quem num gesto soberano
arrecada doações
brinquedo, corte de pano...
mas essa ajuda legal
não se dá só no Natal
devia dar todo o ano

Também não comete engano
quem no Natal faz ou fez
visita aos orfanatos
pra as criancinhas ter vez!
se quiser ser mais legal
não vá lá só no Natal
vá visitar todo mês!


Um gesto de sensatez
de quem tem ética e moral
é abraçar o assistente
que faz serviço geral...
tem chefe que só faz isso
quando chega o Natal!


Muita gente age mal
com gesto vil e malvado
todos sabem que ele é
covarde e dissimulado
no Natal, arrependido,
até chora, emocionado

O Natal que eu queria
era o Natal de Jesus
aquele que ele nos deu
ao morrer nos pés da cruz
o do amor verdadeiro
pra se usar o ano inteiro
embaixo de sua luz

O amor que ele nos deu
não é amor desigual
é todo dia do mês
é um amor fraternal
não é amor de artista
nem amor capitalista
que só se vê no Natal!

Nâo é amor de presente
comprado pra agradar
nem amor de riso largo
e nem de farto jantar
é amor de estar presente
mesmo que não possa estar

Então termino estes versos
sem desejar pra ninguem
o tal do Feliz Natal
Pois só um dia ele tem
vou desejar com alegria
Feliz Natal neste dia
e em todos os dias tambem!

Paulo Moura