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Recife, Pernambuco, Brazil
O Blog Educar com Cordel é editado pelo poeta e escritor Paulo Moura, Professor de História e Poeta CORDELISTA. Desenvolve o projeto EDUCAR COM CORDEL que visa levar poesia e literatura de cordel para as salas de aula, ensinando como surgiu a Literatura de Cordel, suas origens, seus estilos, suas heranças. O Projeto Educar com Cordel é detentor do Prêmio Patativa do Assaré de Literatura de Cordel do MINC (Ministério da Cultura).

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

NOTÍCIAS DO COCANE


Nos dias 16 e 17 de novembro de 2010, o Recife será mais uma vez palco da poesia popular. Acontecerá na Capital pernambucana, a X edição do COCANE – Congresso de Cantadores do Nordeste. O evento será realizado no Pátio de São Pedro, a partir dos 20h00min horas e terá apoio total da prefeitura do Recife através da Fundação de Cultura da Cidade do Recife. 
Participarão os mais renomados Repentistas, Coquistas, Declamadores, Aboiadores e Cordelistas. Os nomes de Edmilson Ferreira, Ivanildo Vila Nova, Raimundo Caetano, João Lourenço, Chico de Assis, Iponax Vila Nova, Raudênio Lima, Estão confirmados.

Mais informações, com Antonio Lisboa, Coordenador.
Fone: 81.9760.9444/8856.2140

domingo, 30 de outubro de 2011

Fliporto recebe programação para escritores pernambucanos

Casa da UBE-PE está na festa, com programação voltada para escritores pernambucanos e amantes das letras


Pelo quarto ano consecutivo, a Fliporto recebe a casa da União Brasileira de Escritores (UBE-PE), que terá programação voltada para a valorização da literatura regional, sendo um espaço de interação para escritores pernambucanos e amantes das letras. O espaço estará aberto de 11 a 15 de novembro, no mesmo horário do festival, no Sítio de "Seu" Reis, no Parque do Carmo, em Olinda.

Este ano, o espaço homenageia o centenário de nascimento dos escritores Mauro Mota e Amaro Quintas. Na programação, recitais, shows, bate-papos, palestras, debates, mesas-redondas e outras atividades culturais.

Entre os convidados, destaque para a mesa redonda "Mulheres Alfa", onde a atriz Maria Paula conversa com Bia Willcox, Zeca Fonseca e Helder Caldeira, sob mediação de Eduardo Côrtes, coordenador executivo da Fliporto.

A abertura da Casa da UBE-PE acontecerá às 16h do dia 11 de novembro, seguida de apresentação do Vocal Vozes da Casa Rosada.

» Confira a programação:

Sexta-feira (11/11)

16h - Abertura;
16h30 - Apresentação do Vocal Vozes da Casa Rosada;

Sábado (12/11)

09h30 - Programação do curso de letras da Focca (Coordenação: Prof. Neilton Limeira);

11h - Bate papo: O desafio das Editoras alternativas em PE.
Debatedoras: Salete do Rego Barros (Ed. Novoestilo); Luciana Araújo (Ed. CEL) e Lourdes Nicácio (Ed. Novo Horizonte);
Mediação: Melchíades Montenegro Filho

13h - Microfone aberto (Coordenação: Bernadete Bruto)

14h - Bate papo: A Poesia e o Teatro em "A Ópera do sol e G"dausbbah"
Debatedores: Alexandre Santos e Adriano Marcena
Mediação: Bruno Siqueira (UFPE)

15h - Recital/Perfomance: Nós Pós
17h - Programa "A arte de narrar" (Coordenação: Sônia Carneiro Leão);

18h - Palestra: Quintas por Quintas;
Palestrante: Fátima Quintas
Mesa: Geraldo Ferraz

19h - Debate: História de Pernambuco em Romance
Debatedores: Paulo Santos, Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque e Socorro Ferraz
Mediação: Marcelo Mario Melo

20h - Performance Lítero-Musical (Grupo: Poetas do improviso)
20h30 - Recital - Grupo Dremelgas

Domingo (13/11)

10h - Programação do curso de letras da Funeso (Coordenação: Prof. Francisco Mesquita)
11h30 - Recital poético (Grupo Xilo-Cordel)

13h30 - BATE PAPO: Como contar uma estória?
Debatedoras: Lenice Gomes (escritora/contadora de estórias)
Telma Brilhante (Coord. Infanto-juvenil (UBE)
Mediação: Djanira Silva

14h30 - Debate: Cordel - meios e linguagem
Debatedores: Meca Moreno e Paulo Moura
Mediação: Susana Moraes


16h - Debate: As Academias Literárias de  PE com a palavra.
Debatedores: Waldênio Porto (APL); Manoel Neto (Academia Olindense) e
Ana Maria César (Alane-PE)
Mediação: Cássio Cavalcante

17h - Show Poesia & Música (Show com o músico Isac Sete Cordas)

18h - Lançamento do Livro: "As Grandes Damas e um Perifl do Teatro Brasileiro"
Autora: Rogéria Gomes

19h - Palestra: Mauro Mota - O poeta e seu tempo
Palestrante: Marcus Acioly (poeta, Pres. CEC)
Mesa: Cyl Galindo
                    
20h30 - Recital Poético (Grupo Vozes femininas)

Segunda-feira (14/11)

10h - Bate Papo: A Literatura na Rede
Debatedores: Sennor Ramos (Interpoética) e Alexandre Melo (Nós pós)
Mediação: Fernando Farias

11h - Palestra: A Pedra do Reino - 40 anos
Palestrante: Carlos Newton Júnior

13h - Debate: Alguma prosa sobre Romance moderno
Debatedores: Prof. André de Sena (UFPE)
Prof. Neilton Limeira (Focca)
Mediação: Prof. Bezerra de Lemos

14h - Leitura de Contos e Crônicas - Leitura de 10 contos de autores pernambucanos
Coordenação: Paulo Dantas Saldanha

16h - Debate: "Mulheres Alfa"
Debatedores: Maria Paula, Bia Willcox, Zeca Fonseca e Helder Caldeira
Mediação: Eduardo Côrtes

17h40 - Palestra: Gilberto Freyre e seu legado
Palestrante: Sônia Freyre
Mesa: Alexandre Santos e Antônio Campos

19h - Recital Poético (Grupo Invenção de Poesia)
19h50 - Letras da Focca
Coordenação: Neilton Limeira

20h30 - Recital Grupo Dremelgas

Terça-feira (15/11)

10h - Círculos de Criação
Escritores, poetas e artistas formam círculos com o público presente, despertando, através deste momento lúdico, noções literárias e o gosto pela escrita e a cultura.

14h - Programas da UBE em Cena
O Presidente da UBE e todos os coordenadores de programas literários fazem um balanço das atividades em 2011.

15h - Recital Poético (Grupo Poésis do Alto José do Pinho)
15h45 - Encerramento

Fonte: NE10

sábado, 22 de outubro de 2011

MARTELANDO NO VERSO - Poeta Felipe Junior

NOSSO AMOR FOI UM FILME COLORIDO
QUE QUEIMOU NA PRIMEIRA EXIBIÇÃO

Uma câmera, um cenário, um sentimento...
Pus esse equipamento na bagagem,
Mas depois vi que o meu longa-metragem
Transformou-se num filme de tormento.
No meu caso, achei muito violento,
Muito embora que a classificação
Escrevesse no verso: “Ficção –
Qualquer plágio do filme é proibido!”
Nosso amor foi um filme colorido
Que queimou na primeira exibição.

Esse filme falava dos amores
Entre a musa dos bardos e um boêmio.
Para minha surpresa, o melhor prêmio
Foi de “Enredo” e também “Grandes Atores”.
O elenco, na paz dos bastidores,
Esperava o sinal da gravação...
E eu no quarto cruel da produção
Escrevendo um capítulo indefinido.
Nosso amor foi um filme colorido
Que queimou na primeira exibição.

Eu pensei numa história bem serena,
Mas foi filme de amor e puro ódio.
E ao rever com ardor cada episódio
Vi meu filme de amor em cada cena.
Teve alguém que assistiu e teve pena,
Outro alguém já chorou vendo a emoção...
E eu indo na mesma direção,
Assisti... fiquei muito comovido.
Nosso amor foi um filme colorido
Que queimou na primeira exibição.

Uma história real foi essa trama,
Caso alguém possa um dia ir assisti-lo,
Muito embora não saiba defini-lo
Se ele é ficção, romance ou drama.
A paixão do boêmio pela dama
Talvez tenha ocorrido na ilusão,
Mas dos filmes sem classificação
Entre os que eu produzi é o preferido!
Nosso amor foi um filme colorido
Que queimou na primeira exibição.

Felipe Júnior
(81) 9828-6161; 8578-6085

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

DIA DO POETA - POESIA DE CLECIO RIMAS

20 de OUTUBRO DIA DO POETA - VERSO DE CLÉCIO RIMAS


Já que hoje é o Dia do Poeta, um verso de minha autoria no mote:
"Isso foi suficiente
Pra eu fazer poesia"

Nascer em Serra Talhada
Ser radicado em Tabira
Respeitar a macambira
Pisar na terra molhada
Gostar de uma namorada
Ver na feira a freguesia
Entender a fantasia
Pra fazer glosa e repente
Isso foi suficiente
Pra eu fazer poesia

Brincar descalço no chão
Armar a minha arataca
Comer o bago da jaca
Fazer dum cedro, alçapão
Misturar sopa com pão
Na janta que mãe fazia
E no amanhecer do dia
Mirar o sol no nascente
Isso foi suficiente
Pra eu fazer poesia!

Caçar com meu pai no mato
Fazer curral de sabugo
Nunca escapar dum verdugo
Sempre que eu fui insensato
Fazer remendo em sapato
Pra calçar na serventia
Acordar com a sinfonia
Da passarada contente
Isso foi suficiente
Pra eu fazer poesia!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

EXPLICANDO A MUSICA: FORNALHA GLOBAL

Amigos, esta postagem abaixo, trata de uma música do poeta cantor Flavio Leandro, que vem despontando como uma das grandes promessas na musica de raiz. Musica da boa, com letra e ritmo.
Eu tenho uma paixão especial por esta musica, que mais parece um hino, e aprendi a amá-la quando ouvi na voz do meu grande amigo (grande mesmo! 1,95m) Hercules Nunes, poeta pajeuzeiro e irmão de sangue do meu poeta irmão Felipe Junior. Fiz questão de postar esta musica porque acho ela tão bela que não posso deixar de passar para as pessoas as coisas boas que eu dou valor e sei que presta!
E antes que eu esqueça, encontrei esta musica sendo cantada no Youtube por outra grande promessa sertaneja, o cantor e poeta Ébano Nunes, que não é irmão de Hercules mas canta tão bem quanto ele.

Um abraço!!

Ébano Nunes - Fornalha Global ( Voz e Violão )

sábado, 15 de outubro de 2011

Um Dicionário - por Carlos Newton Júnior (Escritor, poeta e professor da UFPE)

Há cerca de dois anos, quando conheci pessoalmente o dramaturgo e escritor Adriano Marcena, contou-me ele a respeito de um “Dicionário” da cultura pernambucana que estava em vias de concluir e para o qual já procurava editor. Disse-me também que a obra era extensa e havia lhe consumido mais de uma década de trabalho. Fiquei, a um só tempo, curioso e admirado. Curioso porque, na dupla condição de professor e escritor (bom ou mau, como gosto de ressaltar), sempre fui aficionado aos dicionários; os dicionários, sobretudo os temáticos, são, para mim, uma ferramenta de trabalho indispensável, e é por isso que os tenho às dezenas, na minha biblioteca – dicionários de filosofia, de símbolos, de artistas plásticos, de termos técnicos de uma ou outra área, e assim por diante. A admiração deveu-se ao fato de o autor ter ainda me dito, na ocasião, que abandonara o emprego fixo que possuía, de professor, para dedicar-se com mais afinco à redação do seu “Dicionário”. Se eu já era um admirador de Marcena, sobretudo por conta de sua A ópera do sol, a admiração aumentou ainda mais, pela coragem que ele demonstrara ao investir seu tempo e suas reservas econômicas na realização da sua obra, na vivência daquela “vida verdadeira” a que todo escritor deveria ter direito, e que, em muitos casos, como nos versos de Manuel Bandeira, “poderia ter sido e não foi”.
O fato é que o “Dicionário” de Marcena terminou sendo editado, superando, em muito, qualquer expectativa que se pudesse ter a seu respeito. Trabalho de fôlego, bem escrito e aportado em critérios metodológicos previamente definidos, o Dicionário da Diversidade Cultural Pernambucana é uma dessas obras que impressionam logo de início porque parecem resultar de um esforço acima das medidas de um homem comum. Ora: a primeira tentação que se impõe à crítica é a de compará-lo às obras congêneres. Mas quando se recorda que até Câmara Cascudo, para realizar o seu célebre Dicionário do Folclore Brasileiro, valeu-se da ajuda de colaboradores e amigos, inclusive na redação de verbetes que aparecem assinados – sem contar a transcrição dos muitos verbetes de Linguagem Médica Popular do Brasil (Rio, 1937), de Fernando São Paulo, e do Vocabulário Pernambucano (Recife, 1937), de Pereira da Costa – percebe-se o quanto a obra de Marcena possui de proporções desmesuradas, o que levaria qualquer comentador a incluíla, logo, no domínio do Grandioso, daquele tipo de beleza que nos atrai, nos fascina e nos espanta ao mesmo tempo, pois queremos encará-la como obra coletiva e ela se apresenta como obra espantosamente individual.
Enquanto gênero, um dicionário será, sempre, uma obra lacunar e aberta. Não há que se apontar, nele, as omissões, tarefa que se revelaria tão fácil quanto desprovida de sentido. Nosso olhar deverá se voltar, portanto, para o lado oposto, o lado das inclusões. Nesse sentido, forçoso é reconhecer que não poucas vezes Marcena desenvolve textos bem mais extensos e profundos do que se poderia esperar de simples verbetes, compondo, sobre os respectivos temas, verdadeiros ensaios, indo às vezes além de obras como o Dicionário de Câmara Cascudo. É o caso, por exemplo, dos verbetes “Cangaço”, “Carnaval”, “Cachaça”, “Literatura de cordel”, “Rede”, entre outros. Para que esse “ir além” fosse possível, deve-se levar em consideração, claro, que Marcena se valeu, como grande pesquisador que é, dos autores de primeira grandeza que o antecederam, como foi o caso, inclusive, de Cascudo, que não se limitou a tratar desses temas no seu Dicionário do Folclore Brasileiro. Justamente por estar apoiado sobre esses largos ombros do passado é que Marcena pode enxergar, no presente, com mais desenvoltura e maior nitidez.
Por outro lado, a “estética da formatividade”, de Luigi Pareyson, leva-me a pensar que o fascínio diante do Dicionário de Adriano Marcena identifica-se com uma experiência de natureza estética, e é assim que insisto em falar, aqui, na “beleza do Grandioso”. Os comentadores de Pareyson esquecem-se de apontar a influência que este grande pensador italiano recebeu de Plotino. Que é a estética da formatividade senão a compreensão de que pressentimos a beleza quando percebemos a “intensificação” de um determinado ser? Há, portanto, indiscutivelmente, no Dicionário da Diversidade Cultural Pernambucana, beleza artística, e não me refiro somente à beleza literária dos ensaios que a obra contém, mas à beleza da grandiosa unidade do seu conjunto.
Sendo lacunar por natureza, reivindica o dicionário um processo de reescritura permanente. No caso de um dicionário autoral, como o de Marcena (e que engloba, diga-se de passagem, mais do que a cultura pernambucana, sendo mesmo um já quase acabado “Dicionário da Cultura Brasileira”), estamos tratando de um fantasma que jamais será exorcizado, a assombrar o seu autor com aquela humana impossibilidade de abarcar toda a complexidade do real. É este, de fato, o maior paradoxo da nossa raça, há muito identificado, entre outros, por um Lawrence Durrell, no seu admirável Quarteto de Alexandria: a cada passo que damos em direção ao luminoso conhecimento, mais se adensa, à nossa frente, o mistério insondável.
Constitui-se o fazer do Dicionário da Diversidade Cultural Pernambucana, portanto, como uma espécie de ofício fáustico, a reunir, na ânsia pela obtenção do segredo do mundo, a curiosidade do cientista; a vontade de sistema do pesquisador; o espírito de colecionador do antologista; a abertura para uma ecologia dos saberes, contrária ao academicismo estreito e conservador; o impulso de todo artista em direção à beleza; e, finalmente, aquele protesto contra o ter-de-morrer que é inerente a toda obra humana de natureza grandiosa, aberta e interminável.
Como se o autor estivesse vociferando, no limiar do abismo, contra o seu destino assinalado de homem mortal, a mostrar um pouco daquilo que é capaz de fazer, e certamente faria, caso lhe fosse concedido um tempo maior sobre a face da Terra.

Recife, 10-10-2011

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

PONTO DE CULTURA: CABRAS DE LAMPIÃO

DURANTE TODO O MÊS DE NOVEMBRO, O MUSEU DO CANGAÇO ESTARÁ COM A EXPOSIÇÃO LUA GONZAGA. INICIATIVA APOIADA PELO SESC-PE E REALIZADA PELO MEMORIAL LUIZ GONZAGA-RECIFE-PE.
O MUSEU DO CANGAÇO ESTARÁ ABERTO NO HORÁRIO COMERCIAL,
DOMINGOS E FERIADOS VISITAS AGENDADAS.


AGENDA DOS CABRAS DE LAMPIÃO:
O GRUPO DE XAXADO CABRAS DE LAMPIÃO ESTARÁ SE APRESENTANDO NO PRÓXIMO DIA 26/10 NO SEMINÁRIO DO CANGAÇO - RECIFE/PE.
DIA 27/10 O GRUPO SE APRESENTA NO HOTEL SÃO CRISTOVÃO - SERRA TALHADA/PE.
05 DE NOVEMBRO OS CABRAS SE APRESENTAM NO MUSEU DO CANGAÇO - SERRA TALHADA/PE.
18 E 19/11 OS CABRAS SE APRESENTAM NO FESTIVAL INTERNACIONAL DE FOLCLORE - RECIFE/PE.
ACOMPANHE OS RASTROS DOS CABRAS DE LAMPIÃO PELO BLOG
www.pontodeculturacabrasdelampiao.blogspot.com

CONVITE: A ARTE DE NARRAR




                                     Projeto A Arte de Narrar

                                 União Brasileira de Escritores





                             A Arte de Narrar o Conto




Escritores:        Olimpio Bonald Neto

                         Paulo Afonso Paiva





Local: Livraria Jaqueira

Dia 12 de Novembro às 11 horas

Entrada Franca


Coordenadores:
Sonia Carneiro Leão
Melchiades Montenegro

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

RECITAL NO MERCADO DA MADALENA - 1ª VRADA MULTICULTURAL DO RECIFE




AMIGOS, DIVULGUEM E COMPAREÇAM AO  NOSSO RECITAL, SÁBADO A PARTIR DAS 10 HORAS, NO MERCADO DA MADALENA!

"SER TÃO SERTANEJO É VALORIZAR
OS NOSSO COSTUMES E AS NOSSAS RAÍZES
NÃO SENTIR VERGONHA DAS MÃO CALEJADAS
DA PELE MARCADA PELAS CICATRIZES
SER TÃO SERTANEJO É SER BRAVO E FORTE
ENFRENTAR A VIDA SEM TEMER A MORTE
TER A PACIÊNCIA POR DEUS EXIGIDA
SER TÃO SERTANEJO É SER COMO NÓS
NA LETRA, NA MÚSICA, NO VERSO E NA VOZ
DIVULGANDO A ARTE NOS PALCOS DA VIDA!"
-Diomedes Mariano.

ABRAÇOS!
MARCOS PASSOS
 

CANGAÇO E CORDEL, JUNTOS SERTÃO A FORA!

Desde o momento em que eu enveredei nos caminhos da pesquisa do Cangaço, sempre estive acompanhado da Literatura de Cordel, pois, apesar de ser um historiador era tambem um poeta cordelista. 
Dia desses, uma amiga muito querida, Lucimar Nascimento, que mora atualmente em Arcoverde, me fez um pedido. Ela ia entrevistar, junto com a turma de alunos da escola em que ela leciona, o velho Cangaceiro Manoel Dantas Loiola, o Candeeiro. E ela queria, ao final da entrevista, fazer uma homenagem para o mesmo em forma de Cordel. E me designou para fazer os versos, que era para os alunos recitarem. Feito os versos, que postei abaixo, foi feita a entrevista e, no final, como estava previsto, alguns alunos recitaram para o meu amigo Candeeiro, os versos que fiz. Lucimar me falou que Seu Manoel ficou emocionado e que a ação rendeu até matéria no Jornal do Commercio. No que fiquei muito ancho!! rsrsr
E é essa umas das coisas que faço questão de divulgar para os leitores, que é para todo mundo ver a força da Poesia de Cordel nas escolas, graças ao empenho de poetas e professores, que lutam para manter essa Cultura tão rica, mantendo tambem viva a memória do cangaço. Abaixo e integra da resposta da querida amiga e professora e a poesia que fiz em homenagem a este grande homem que hoje já é história!

Amigo

segue em anexo fotos do evento com Candeeiro.
Hoje saimos no Jornal do Commercio no caderno Cidades. Chique em!!! kkk

bjs
Lu

HOMENAGEM A CANDEEIRO

Manoel Dantas Loyola
É o seu nome de pia
Sua entrada no cangaço
Foi coisa que não queria
Mas quando viu Virgulino
Selou ali seu destino
Um “Candeeiro” nascia.

Entrou no cangaço novo
Assim mesmo sem querer
Uniu-se aos cangaceiros
Somente pra não morrer
Quando fugia de um cerco
Que a volante ia fazer

Hoje vive do comércio
Na sua terra Natal
Seu Né como é conhecido
Voltou para o local
Hoje, na sua cidade
Diz que não sente saudade
Daquele tempo infernal

Seu Né nos diz que a vida
Do cangaço é sofrimento
Perseguições e batalhas
Para ele era um tormento
Naqueles tempos atrás
Pra ele não tinha paz
Só penúria e lamento

Viveu muitas aventuras
Ao lado do Capitão
O valente Virgulino
Lhe tinha muita afeição
Foi cabra de confiança
E um fiel ordenança
Do famoso Lampião

Mas a vida muito ensina
E o sofrimento também
Passar a noite ao relento
Não se passa nada bem
Viver a vida perdido
Perseguido e escondido
Nunca foi bom pra ninguém

Hoje o velho Candeeiro
É uma luz de alegria
Manoel Dantas Loyola
Agradece todo dia
E se hoje fosse chamado
Pra voltar pro bando armado
O seu Né não mais queria!

Dê um abraço grande no Candeeiro, do poeta Paulo Moura.





CANTORIA EM TABIRA - BELAS TARDES DE VIOLA

CRIANÇA - Versos do Poeta Ivan Patriota (São José do Egito)

Seja a que tem sobrenome
Ou a que não tem boneca
Ou a que tem biblioteca
Ou a que passa até fome
Ou a que não sabe o nome
Nem da rua onde mora
Porque sua rua agora
São as ruas da cidade
Que não vê a crueldade
Ao pequenino que chora.

Que seja a de condomínio
Ou a que brinca na laje
Ou aquela sem um traje
Ou a que tem patrocínio
Ou aquela com domínio
No espanhol e no inglês
Ou a que no português
Só aprendeu as vogais
Pra Deus elas são iguais
Não importam os porquês.

Seja a que tem bicicleta
Ou a que não tem escola
Ou a que mendiga esmola
Ou a que a mesa é repleta
Ou a que 10 nem completa
Ou a que tem no Natal
Presentes e coisa e tal.
Cuidemos, por caridade
Pra que essa igualdade
Fique menos desigual.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

HORA DA GLOZA



O POETINHA RAPHAEL MOURA (MEU FILHO) DISSE O SEGUINTE:

Se eu morrer de tristesa, eu sou culpado
Se eu morrer de alegria, eu to mentindo
Se eu morrer de desgosto, estou sentindo
Se eu morrer por mulher, fui enganado
Se eu morrer de paixão, fui obrigado
Se eu morrer por amor, foi ilusão
Se eu morrer de manhã foi de paixão
Se eu morrer no escuro, foi por ela
Se eu morrer de Saudade a culpa dela
Que não quis aceitar meu coração



DAI EU RESPONDI EM CIMA DO MOTE...

Chamo "Banzo" a quem morre de tristeza
De Loucura, quem morre de alegria
De desgosto eu jamais morreria
Por mulher só morro se for princesa
já morrer de paixão é safadeza
De amor morre gente de montão
De manhã só se morre no clarão
Mas a morte de noite é a mais bela
Se eu morrer de saudade a culpa é dela
Que não quiz aceitar meu coração

FLIPORTO 2011

Congresso Literário

O Congresso Literário da Fliporto 2011 amplia o diálogo e se pluraliza ainda mais, trazendo para o centro das conferências e dos debates a riqueza dos Orientes, especialmente aqueles que habitam o cerne da cultura ibero-americana. Mas não se limita a isso. Quer trazer o relato vivo de alguns dos mais importantes escritores da atualidade. Autores da Palestina e do Paquistão, de Israel e do Líbano, da Índia e da China, Turquia, Japão se encontrarão para mostrar a inseparável ligação da literatura e a realidade. E nessa rica urdidura, de fio a pavio nessa festa as intuições e reflexões de Gilberto Freyre, o escritor que ultrapassou as fronteiras dos gêneros, dos tempos e das convenções.
PROGRAMAÇÃO DO CONGRESSO LITERÁRIO
11 DE NOVEMBRO
19h:
Deepak Chopra
Conferência de abertura
“Cura, transformação e consciência”.
12 DE NOVEMBRO
Painel 1
10h
Frei Betto, em conversa com Bia Corrêa do Lago:
“O processo da criação literária”.
Painel 2
11h30
Marcos Vinicios Vilaça, em conversa com José Paulo Cavalcanti Filho:
“Gilberto Freyre e a amizade como uma das belas artes”.
Painel 3
14h30
Maria Lecticia Monteiro Cavalcanti, Claudio Aguiar e Kathrin Rosenfield, com mediação de Valéria Torres da Costa e Silva:
“Os textos sobre sabores e o sabor dos textos de Gilberto Freyre”.
Painel 4
16h
Shigeru Suzuki, Dilip Loundo e Marcelo Abreu, com mediação de Maurício Melo Jr.:
“Olhares cruzados e compartilhados: do tradutor e do viajante”.
Painel 5
17h30
Edson Nery da Fonseca, em conversa com Humberto Werneck:
“Gilberto Freyre – um grande sedutor”.
Painel 6
19h
Conferência do poeta Derek Walcott, Prêmio Nobel de Literatura.
13 DE NOVEMBRO
Painel 7
10h
Gonçalo M. Tavares e Fernando Báez, com mediação de Nelson de Oliveira:
“Como e porque sou escritor”.
Painel 8
11h30
Silio Boccanera, em conversa com Geneton Moraes Neto:
“Terrorismo real e fictício, antes e depois do 11 de setembro”.
Painel 9
14h
Ryoki Inoue, Nelson Motta, Raimundo Carrero e Joca Souza Leão, com mediação de Maurício Cruz:
“Aventuras e rotinas da literatura: as múltiplas identidades do escritor”.
Painel 10
17h
Mamede Jarouche, Ioram Melcer e Edwin Williamson, com mediação de Rogério Pereira:
“As 1001 noites (d)e Jorge Luis Borges”.
Painel 11
19h
Tariq Ali, em conversa com Silio Boccanera:
“Paquistão-Afeganistão – equívocos na guerra ao terror – Obama imita Bush”.

14 DE NOVEMBRO
Painel 12
10h30:
Nelson Pereira dos Santos, Guel Arraes, Tizuka Yamasaki e Zeneida Lima, com mediação de Alexandre Figueiroa:
“Como o cinema reescreve a literatura”.
Painel 13
14h30
Fernando Morais, Leandro Narloch, com mediação de Samarone Lima:
“América Latina: para além do bem e do mal”.
Painel 14
17h
Abdel Bari Atwan, em conversa com Geneton Moraes Neto:
“A Primavera Árabe: o que está certo, o que está errado e no que isso vai dar”.
Painel 15
19h
Joumana Haddad, em conversa com Silio Boccanera:
“Quem é a nova mulher árabe”.

15 DE NOVEMBRO
Painel 16
10h
Vamireh Chacon, José Carlos Venâncio e Angel Espina, com mediação de João Cezar de Castro Rocha:
“Lusotropicalismo é ciência ou literatura?”.
Painel 17
11h30
Cyril Pedrosa, Walther Moreira Santos e Frederico Barbosa, com mediação de Manuel da Costa Pinto:
“Imagem, palavra, impacto: poesia, prosa de ficção e HQ”.
Painel 18
14h
José Roberto Teixeira Leite, Jacinto Rego de Almeida e Manuel da Costa Pinto, com mediação de Samuel Leon:
“Literatura, história e imaginação – o vivido, o fictício e suas fissões”.
Painel 19
15h30
Sonia Sales, Alice Ruiz e Raimundo Gadelha, com mediação de Marcelo Pereira:
“O Oriente é aqui: formas e inspirações do Japão e da China na poesia brasileira”.
Painel 20
17h15
Raul Lody, Fátima Quintas e João Cezar de Castro Rocha, com mediação de Cristiano Ramos:
“Gilberto Freyre lido com paixão: as raízes das admirações e rivalidades literárias”.
ENCERRAMENTO
19h
João Signorelli
Monólogo teatral: “Gandhi – um líder servidor”.

Coordenador Literário: Mario Helio Gomes
email: mariohelio@gmail.com

HISTÓRIAS DO CANGAÇO

CORISCO, O DIABO LOURO



 


Cristino Gomes da Silva Cleto. Este é foi o nome de uma das figuras mais legendárias do cangaço, o terrível Corisco. Ou, Diabo Louro.
Figura atormentada pelo destino nasceu em 10/08/1907, num dia de sábado, na Serra da Jurema, no município de Matinha de Água Branca, em Alagoas. Filho de Manoel Gomes da Silva e de Firmina Cleto, teve seis irmãos: Vicente, Francisco, Maria, Jovita, Teodora e Rosinha.
Seu pai morreu muito jovem deixando a viúva com a obrigação de criar sozinha, os filhos ainda pequenos. Dona Firmina, austera e moralista tratava os filhos com pulsos de ferro, surrando-os freqüentemente por motivos nem sempre justificáveis. Cristino, de temperamento rebelde desde cedo, fugiu de casa ainda aos 14 anos de idade após uma destas memoráveis surras. Naquele tempo a família já morava na vila de Pedra de Delmiro/Alagoas.
Foi parar em laranjeiras, Sergipe, onde passou cerca de três anos trabalhando como entregador de leite. Em fins de 1923, volta para casa muito doente e é recebido pela mãe, saudosa e muito arrependida.
Em 1924 é convocado para o serviço militar, indo destacar em Aracajú/Sergipe. Alto, olhos azuis, loiro, bem parecido, inteligente e disposto, destaca-se entre os demais recrutas, atraindo para si a admiração dos superiores. Afeiçoa-se às armas, que aprende a manejar com precisão.
Em julho daquele ano o tenente Maynard participa de uma revolta contra o governo, ao qual mostra-se infrutífera devido à reação do presidente, apoiado pelos “coronéis” do interior com suas milícias de jagunços. Tendo sido um dos mais exaltados no momento da sublevação, Cristino é também um dos mais perseguidos. Foge então para Pedra de Delmiro para esconder-se ao lado da família, mas em pouco tempo chega uma precatória solicitando sua prisão. Foge então para mais longe, Paraíba. Até então não imaginaria que passaria, a partir dali, a viver fugindo até o fim dos seus dias.
Na Paraíba, homiziou-se em Lagoa do Monteiro, terra do célebre bacharel-cangaceiro Santa Cruz, habitat dos valentões. Naquele tempo o sertão fervilhava de cangaceiros. A mudança não lhe foi benéfica.
Cristino por algum tempo foi trabalhar na roça e no trato com o gado, mas como nem sempre de trabalho vive o homem tornou-se freqüentador assíduo dos forrós de fim de semana. Certa feita tira uma moça para dançar e recebe um “não”. Insiste, e é esbofeteado por um parente da moça. Apanhar na cara é uma desmoralização que o sertanejo não perdoa. Vai à casa do patrão, arma-se e despeja toda a carga de um rifle sobre o agressor, matando-o. Consegue fugir, indo ocultar-se em uma das fazendas do patrão. Estávamos nos fins de 1925.
É orientado pelo patrão a entregar-se às autoridades. Ele providenciaria que a pena lhe fosse branda. Confiante, Cristino se entrega e é levado a júri. O tiro lhe sai pela culatra e Pega 15 anos de prisão. O Estado naquela época, não tinha condições de manter prisioneiros encarcerados por tão longo período e normalmente resolvia o problema da maneira mais simples.
Escoltava-se um grupo de prisioneiros com penas iguais ou superiores a 15 anos, até um local deserto na caatinga, mandava que os infelizes cavassem suas próprias covas e fuzilava-os à queima roupa. Às vezes, para economizar munição ou não fazer barulho, optava-se pelo processo da sangria lenta: “Ferro na taba do queixo… feito bode”.
Por sorte, Cristino ficou numa cela com oito companheiros, e um deles era protegido pelo prefeito do lugar. Poucos dias depois recebe uma sacola com alimentos, contendo ainda ferramentas para a fuga e um bilhete avisando que no dia seguinte todos seriam fuzilados e que por isso tratassem de fugir enquanto era tempo. No dia seguinte, quando o sol nascia na Paraíba, Cristino era novamente um homem livre.
Vai parar em Villa Bela (atual Serra Talhada), refugiando-se na fazenda Carnaúba, reduto da família Pereira, celebres no Pajeú devido aos aguerridos combates contra as famílias Nogueiras e Carvalhos. Né da Carnaúba precisava de homens valentes na sua terra para utilizá-los quando necessário, colocando-o entre seus moradores. Novamente Cristino volta pra a vida normal de cuidar do gado e da roça. Estávamos no inverno de 1926. Certo dia, o filho do prefeito de Villa Bela, em visita à fazenda Carnaúba, reconhece Cristino e avisa a seu Né que seu pai recebera uma precatória para sua prisão, e que se fosse levado para a Paraíba seria certamente executado no caminho.
O conhecido fazendeiro explica a situação para Cristino e o aconselha que a única solução seria ingressar no bando de Virgulino Ferreira, Lampião, celebre cangaceiro que à época já chefiava cerca de 100 homens em armas, travando uma guerra de vinditas contra a família Nogueira, esta, ligada aos Carvalhos, inimiga dos Pereiras. Lampião, nesta época já ostentava a patente de Capitão das forças legalistas, dada meio à força pelo Padre Cícero do Juazeiro do Norte, após um convite firmado para que o cangaceiro combatesse a coluna prestes que, em formação de caravana, invadia o sertão.
Lampião, ao ouvir as razões que o fizeram virar um foragido da justiça, resolve admiti-lo no bando, colocando-o sob a chefia de Jararaca, um valente cangaceiro natural de Buique/PE. Jararaca, ao conhecer o alagoano Cristino, vai logo dizendo que o mesmo tem que mudar de nome, pois cangaceiro tinha que ter um vulgo que impusesse medo. Seu primeiro tiroteio foi logo no dia seguinte na fazenda Tapera, quando fora chacinada a família Gilo (este, um assunto guardado para páginas seguintes, devido à gravidade dos fatos e a um grande mal que assolava o sertão na época. O Boato). A partir daquele dia, diante da bravura, agilidade e intrepidez do louro Cristino, este ganhou o apelido de Corisco.
Corisco ficou no bando até maio de 1927. Tanto isso é verdade que não se vê a sua presença no grande ataque à cidade de Mossoró/RN em 13/06/1927. O mesmo tentara deixar o cangaço e mostrara a Lampião que queria começar vida nova. Viver sem ser perseguido. Tinha muita vontade de ir para a Bahia, terra dos seus pais e onde ainda tinha muitos parentes. Queria montar um comercio ou entrar na polícia. Queria levar uma vida sossegada, pacata. Lampião ouviu suas razões e disse que não tinha problema, poderia ir quando quisesse, mas que tivesse cuidado, pois se descobrissem que ele havia participado do bando de Lampião seria morte certa. Disse-lhe ainda que no dia em que quisesse voltar seria bem recebido.
Corisco, agora com o nome de Cristino de novo, vai para Salgado do Melão e fica no meio dos parentes. Era cidadão comum de novo e nova vida iria recomeçar. Um homem valente não passa despercebido e em pouco tempo Cristino foi convidado para ser guarda costas do Coronel Alfredo Barboza, em Vila Nova da Rainha. O serviço não exigia tempo integral e o ex cangaceiro, agora regenerado, dedicava-se também ao comercio de pequenos animais, abatendo-os e vendendo a carne nas feiras semanais. Data desta época o desentendimento do jovem feirante com o delegado Herculano Borges, quando Cristino reclama da cobrança abusiva de um imposto na feira, é brutalmente agredido pelo delegado e seus ajudantes. Com mais esta desmoralização Cristino opta por não se vingar imediatamente, pois caíra nas graças do coronel e até noivo estava de uma sobrinha sua, a Marieta, e já tinha também a promessa de montar uma mercearia quando desposasse a donzela.
Novamente o destino lhe é cruel. Cristino tinha uns primos envolvidos em questões, coisa comum naquele sertão sem lei, e ele termina arrastado naquele desmantelo de desavenças e intrigas. São emitidas precatórias para a prisão dele e dos primos. Este, com o sonho do casamento desfeito, passa a viver escondido no mato, enquanto seus parentes passam a sofrer todo tipo de perseguição.
Herculano Borges, antes indisposto com ele, agora não lhe dá sossego. Vários de seus parentes são torturados, castrados, violentados, assassinados pelas volantes e, acreditem, alguns até enterrados vivos.
Cristino perde tudo. Comercio, noiva, emprego, família, e volta novamente para a clandestinidade. Agora, com o coração ardendo em ódio, une-se a Ferrugem, Hortencio, vulgo Arvoredo, Emilio Ribeiro, vulgo Beija Flor e Manoel Cirilo, vulgo Jurema, quase todos primos seu. E ele… De novo, e agora para sempre: Corisco, o Diabo Louro!
É nesta época que Corisco se apaixona por uma jovem de 12 a 13 anos de idade, seqüestrando-a, leva a donzela para casa de parentes seus. Não sem antes violentá-la e fazê-la, mesmo à força, sua mulher. A moça se chamava Sérgia, e quando Corisco consegue enfim trazê-la para perto de si, passa a tratá-la com desvelo e delicadeza tamanha que a mesma se apaixona pelo facínora. Sérgia seria futuramente a Dadá, mulher valente, perversa e considerada a princesa do Cangaço. Corisco passa a atuar com grupo próprio nos meados de Agosto de 1928. Já em Dezembro do mesmo ano vamos vê-lo incorporado ao bando de Lampião quando este viajava em rota batida, fugindo dos desafetos de Pernambuco, indo se homiziar em terras baianas. No dia 17/12/1928, o grupo do cangaceiro Lampião é fotografado na vila de Pombal (ver foto abaixo), com um contingente reduzidíssimo, devido as perseguições, mortes, prisões e debandadas de alguns cangaceiros.


 Ao lado do Capitão Lampião está o que restou dos seus melhores homens: Ponto fino (Ezequiel, seu irmão), Moderno (Virgínio, seu cunhado), Luiz Pedro (seu lugar tenente), Antonio de Engracia, Jurema, Mergulhão e por ultimo, Corisco.


A partir deste ano de 1928 até maio de 1940 muitos crimes foram perpetrados pela horda assassina. A maioria era crime de vingança, como o assassinato do Delegado Herculano Borges, assunto que brevemente iremos postar. Contudo, no dia 03 de Maio de 1940, Corisco já considerado o novo Rei do Cangaço, devido à morte do seu Chefe e amigo Lampião em 28 de junho de 1938, – dois anos antes da sua – resolve fugir com a mulher Dadá e apenas uma criança de 10 anos que os acompanhava. Corisco planejava fugir para Mato Grosso ou Goiás, pois tinha muito ouro guardado e negava-se se entregar à volante, pois sabia que com certeza seria morto, pois ali a única coisa que interessava à polícia era o seu dinheiro.
E foi no que se deu. O tenente Zé Rufino, policial pernambucano que prestava serviço à Bahia, estava no seu encalço. Corisco, devido às diversas escaramuças e fugas da volante, estava debilitado e seus dois braços ficaram inutilizados por força de ferimentos à bala em tiroteio recente. Dadá, sua mulher, passara a usar o fuzil no seu lugar. A volante alcança-o em Barra do Mendes, município de Brotas de Macaúbas, na fazenda Pulgas, onde se escondia.
A volante toma posição, cercando a tapera em que o cangaceiro se escondia. O tenente Rufino grita:
- Aqui é o Tenente Zé Rufino! Se entreguem que eu agaranto a vida de voceis!
Na saída do casal de dentro da casa o que se ouve é uma fuzilaria infernal. Era Dadá, que atirava com o fuzil por sobre o ombro do marido aleijado e impotente. A resposta é imediata. Corisco, metralhado na barriga, tomba desfalecido, com as vísceras expostas. Dadá, ao seu lado urra de dor com um dos pés dependurado nos tendões.
A volante se aproxima. Um soldado coloca para dentro os intestinos do velho cangaceiro, dizendo:
- Tenente, esse aqui já era! Tá fedendo a merda, e fedeu a merda é morte certa, não é?
Zé Rufino se apresenta para Corisco e pergunta:
- Pru quê num si intregô, Rapaiz?
- Tô sastifeito. Sô homi pra morrê, não pra sê preso! Respondeu Corisco.
Corisco, após este episódio, veio a falecer algumas horas depois. Dadá, levada presa, teve a perna amputada. O tenente Zé Rufino, se transformou num herói, por ter sido o responsável pelo fim do cangaço no sertão nordestino, fechando assim um ciclo terrível que lavou o sertão de sangue e desgraça. Ciclo este só comparado às entradas dos Bandeirantes, que chacinavam índios indefesos dentro de suas próprias terras, em nome do processo de colonização. Mas esta já é outra estória!

 Dadá e Corisco