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Recife, Pernambuco, Brazil
O Blog Educar com Cordel é editado pelo poeta e escritor Paulo Moura, Professor de História e Poeta CORDELISTA. Desenvolve o projeto EDUCAR COM CORDEL que visa levar poesia e literatura de cordel para as salas de aula, ensinando como surgiu a Literatura de Cordel, suas origens, seus estilos, suas heranças. O Projeto Educar com Cordel é detentor do Prêmio Patativa do Assaré de Literatura de Cordel do MINC (Ministério da Cultura).

terça-feira, 30 de novembro de 2010

convite: PERNAMBUCO EM ANTOLOGIAS

Caso n�o visualize adequadamente esta edi��o, clique aqui!

Mensagem do Poeta Jorge Filó - NO PÉ DA PAREDE

CHICO NO REINO ENCANTADO

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Mestre Chico de Dedês

Seu nome de pia era Francisco Bernardo de Menezes, famoso nas regiões do Cariri-PB e Pajeú-PE, como Chico de Dedês, de quem ouvi falar e contar histórias desde que me entendo por gente. Nasceu no sitio Olho d´gua, no município de Ouro Velho, antigo Boi Véi, na Paraíba, em 08 de março de 1930.

Infelizmente veio a falecer nesta segunda, dia 22, na mesma cidade onde nasceu e viveu a vida toda.

Chico pertencia a família Bernardo de Menezes, da qual também sou descendente por parte de pai e mãe, e tenho muito orgulho em ser seu parente com tanta consangüinidade. Meu pai, Manoel Filó, foi grande amigo de Chico e parceiro em noitadas de cantorias, forrós e prosas.

Era um desses sertanejos, de recursos parcos, mas de riqueza de caráter, honestidade, ética e moral, inestimável. Conhecido e reconhecido por todos da região onde passou a vida. Era também característica sua, a prosa, cheia de improviso, presença de espírito e inteligência, em inúmeras tiradas. Um gozador nato.

Tive a honra de conhecer, e conviver, com o Mestre Chico de Dedês – Dedês apelido de sua mãe, que teve vários filhos. Em uma ocasião, ajudava Felizardo Moura, filho do Mestre Zé de Cazuza, na realização de um festival de repentistas na Prata-PB, cidade vizinha e coirmã de Ouro Velho. Estávamos recolhendo objetos antigos para decoração do palco – ferro de passar a brasa, um quadro do Coração de Jesus, bancos de madeira compridos… – quando encontramos Chico na praça de Ouro Velho;

- Chico, tu num tem uns troços antigos pra ajudar a gente não?
- Tem uma conta minha no bar de Cláudio, se quiserem levar!

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O Mestre Zé de Cazuza, o artista imitador Nildim, o Mestre Chico de Dedês e meu pai Manoel Filó, em Ouro Velho

OUTRA HISTÓRIA DE CHICO

Não faz muito tempo, em uma cantoria de viola, em Ouro Velho, os assistentes, empolgados com o desempenho dos mestres do improviso, foram bastante benevolentes em suas contribuições na bandeja – esta usada para paga dos artistas – onde se viam várias cédulas de alto valor para região; 50, 20 e as menores de 10 reais.

Chico, grande admirador dos cantadores, levanta-se do tamborete onde está sentado e se dirigi a bandeira, arrasta duas notas surradas de dois reais, e faz sua paga aos repentistas. De volta a seu assento, é indagado por um conterrâneo;

- Mas Chico, só tinha nota grande na bandeja, tu vai e só bota uma mixaria daquela.
- Pelo menos eu botei tudo que tinha no bolso!

RESPOSTAS LIGEIRAS

Nas veredas;
- Chico, tu viu umas cabeças de bode correndo por ai?
- Se tivesse visto quem tava correndo era eu!

Um conselho
- Chico, meu irmão agora quando bebe sai correndo pru meio do mato. O que é que eu faço?
- Amarra um chocalho nele!

Pagando as contas
- Chico, se tu ganhasse na loteria tu fazia o que?
- Pagava umas contas de bar que eu tenho.
- E com o resto?
- Eu pagava quando ganhasse de novo!

Descansado
Batem na sua porta:
- O que é?
- Uma esmolinha!
- Passe por debaixo da porta!

Esperando a deixa
Admirando o açude novo do patrão;
- E eu ainda vou levantar o paredão dois metros!
- Ai a água vai embora todinha por baixo!

Este era o Mestre Chico de Dedês. Mas um gênio que se despede do mundo terreno!

A benção Mestre!

Mensagem do Mestre Xico Bizerra - ENCONTRO DE SANFONEIROS

Nos dias 3 e 4 de dezembro, no Pátio de São Pedro,  estaremos promovendo o 13° Encontro de Sanfoneiros do Recife, evento que reunirá cerca de 70 sanfoneiros pernambucanos.

A festa terá início na sexta, dia 3, 18 horas, com Padre Reginaldo Veloso celebrando ato religioso e Irah Caldeira cantando LUA BRASIL, hino do Encontro.

Depois, Bacamarteiros, Coral de Aboio e Banda de Pífanos de Caruaru. A partir daí, 35 sanfoneiros começam a tocar.

No dia seguinte, sábado, dia 4, começa tudo de novo a partir das 18 horas. Os homenageados deste ano serão Luizinho Calixto e Agostinho do Acordeon, este pai de Josildo Sá.

Faço parte da organização do evento, ao lado do responsável, Marcos Veloso. 

Xico Bizerra
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POESIA DE JOSÉ HONORIO

A volta de Virgulino para consertar o sertão

Conta Caetano Veloso
Num verso espetacular:
“Minha mãe me deu ao mundo
De maneira singular
Me dizendo uma sentença
Pra eu sempre pedir licença
Mas nunca deixar de entrar”.

E por isso eu peço à História
E aos guardiões da verdade
Permissão para escrever
Com natural liberdade
Solto no tempo e no espaço
Um tema sobre Cangaço
Justiça, Moralidade.

O tempo bom já se foi
Muita gente pensa assim
E se a vida era difícil
Por certo está mais ruim
Parece até que este mundo
Mergulha num caos profundo
Já decretando o seu fim.

Hoje em dia só se vê
Guerra, sequestro, atentado
Miséria, fome, doença
Vulcão, enchente, tornado
Desemprego, violência
Corrupção, indecência
Se espalham por todo lado

Os jovens sem esperança
Que haja melhores dias
Se entregam logo às drogas
Às badernas e às orgias
Amparando-se em galeras
Se tornam vorazes feras
Fazendo selvagerias.

Políticos demagogos
Jurando santa inocência
Só se elegendo por serem
Uns ladrões de consciência
Mantendo o povo carente
E por isso dependente
Dos programas de assistência.

Também os capitalistas
Que lucram com a pobreza
Dão apoio a esses homens
Pensando só na riqueza
Nos bancos seu saldo cresce
Enquanto o povo padece
Sem comida sobre a mesa.

Pior mesmo são aqueles
Que plantam a tal da maconha
Vendendo falsa alegria
A quem a ela se exponha
Perde a liberdade, o tino
Se tornando um libertino
Viciado e sem-vergonha.

Mas a praga mais atroz
Atende por Impunidade
Quem tem poder pinta e borda
Quer no campo ou na cidade
Porém nada lhe acontece
Só o pobre é quem conhece
O rigor da autoridade.

E aí o povo pira
Sem saber o que fazer
Quem é reto raramente
Prova o gosto do vencer
Já o troncho se sai bem
Mangando sempre de quem
Vive no mundo a perder.

Mas no Nordeste houve um tempo
Que a coisa foi diferente
Os poderosos de antanho
Sentiram que à sua frente
Um outro poder nascia
Afrontando a tirania
Sem temer ouro ou patente.

Velames e macambiras
Deram moldura à odisséia
E muitos já escreveram
Sobre essa grande epopéia
Como eu nunca pesquisei
Com o pouco do que eu sei
Aqui dou só uma idéia.

Quer força seria esta
Que causou apreensão
A quem achava ter o
Mundo na palma da mão
Foi ela um cabra-da-peste
Este El Cid do Nordeste
VIRGULINO, LAMPIÃO

Por muito tempo causou
Grandioso rebuliço
Enfrentando os poderosos
- O povo precisa disso -
Desde quando começou
Virgulino demonstrou
Que não brincava em serviço.

Igual ao vate Camões
Na luta perdeu uma vista
Mas em termos de campanha
Foi um bom estrategista
Em fileira a tropa andava
E o derradeiro apagava
Seus rastros, pra não dar pista.

Se morresse um cangaceiro
Levavam o corpo consigo
Escondendo pois a baixa
Confundindo o inimigo
A outro seu nome dava
E a macacada pensava
Que ainda era o antigo.

São estes rasos exemplos
Da sua pródiga malícia
Por isso Lampião foi
Expoente na milícia
Sendo assim, anos a fio
Com astúcia conseguiu
Dar um quinau na polícia.

A quem tinha o bom guardado
Pedia contribuição
Se atendesse ao pedido
Dava eterna gratidão
Mas ai daquele sujeito
Que dissesse “não” ao pleito
Do Grande Rei do Sertão.

Não há bom sem ter defeito
Sempre ouvi do meu avô
Se matou gente inocente
E moçoilas profanou
Foram cenas isoladas
Em horas desatinadas
Isso Deus lhe perdoou.

O que vinga para a História
É que o grande Virgulino
Procurou fazer justiça
Forjado pelo destino
À elite fazendo ver
A pujança e o poder
Do matuto nordestino

Porém na Fazenda Angicos
Essa fase se findou
O poder dos potentados
De novo sozinho reinou
Mas para o povo sofrido
Lampião não foi vencido
Não morreu, só dormitou.

Mas o Sino-Salomão
Acabou de revelar
Que esses modernos algozes
Não perdem por esperar
Pois pra nossa salvação
O nosso herói, Lampião
Breve, breve, irá voltar.

Já formou sua nova tropa
Seu roteiro está traçado
Muita arma e munição
Deixa o bando preparado
Da alpercata à testeira
Pra cantar “Mulher Rendeira”
E se esbaldar no xaxado.

Pra não perder muito tempo
Nem sair da direção
Se verá na próxima estrofe
Uma curta relação
Cujos nomes metem medo
E revelam um segredo:
São os cabras de Lampião.

Inocêncio, Meteoro
Pau-de-Sebo, Mutirão
Torpedo, Dila, Vandame
Zé Orvalho, João Tufão
Raio Laser, Mó-Sentado
Rola-Grossa, Delegado
Terremoto e Folião.

Começarão perseguindo
O cafajeste que ilude
Crianças que mal adentram
No verdor da juventude
Pra vender corpo e moral
Esse vai morrer no pau
Sem ninguém que lhe ajude.

Prefeito que contratar
Trio Elétrico no São João
Renegando a melodia
De xote, coco e baião
Ficará nuzinho, pelado
Para dançar um xaxado
De costas pra Lampião.

Mas também quem só gastar
Grandes somas de dinheiro
Com essas bandas medíocres
Que tocam forró fuleiro
Inventado por cearense
Manda avisar que não pense
Que escapa do cangaceiro.

Sua Excelência, o político
Que não honrar seu mandato
Crescendo às custas do sangue
Do povo ordeiro e pacato
Lampião já avisou:
A esse perdão não dou
Mas lhe surro, capo e mato.

Salteador das estradas
Cantadas por Marcolino
Se não der um basta nisso
Será triste o seu destino
Vai comer quilo de sal
E engolir um Sonrisal
A mando de Virgulino.

E o plantador de maconha
Perdição da juventude
Trate logo de parar
Peça que o bom Deus lhe ajude
Mas caso não se arrependa
Faça logo a encomenda
Ligeiro, dum ataúde.

Onde e quando voltará
Ninguém tem convicção
Mas parece que o Nordeste
Só tem mesmo solução
Com a vinda de um sujeito
Com raça, coragem e peito
Do valente Lampião.

NUANCES D'ALMA

Trata-se de um livro em prosa e verso, onde a autora dá ênfase ao mais profundo sentimento de nossa alma: a SAUDADE.
Nuances D’alma revela ainda, a crença e fé imensurável da autora em Deus, destacando também os laços familiares que permeiam sua obra.
Nascida em 17/05/1932, em São José do Egito, sertão do Pajeú – PE, Beatriz Passos é Filha de Valdevino Batista dos Passos e Severina Gomes dos Passos. É Mãe de nove filhos.
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Sempre amou a poesia desde criança, quando ouvia os versos de Antônio Marinho, Cancão, Manoel Xudu, Jó Patriota, entre tantos outros vates, ícones da cultura dessa terra. A poetisa também tem inspiração em Cecília Meireles, Florbela Spanca, nos grandes sonetisatas José Leite Gomes (Zé Pequeno), Rogaciano Leite e Bio Crisanto.
Professora graduada em letras pela Autarquia do Ensino Superior de Arcoverde (AESA) lecionou em São José do Egito durante vinte e oito anos, onde se aposentou.
É Autora do livro nos passos da poesia, (Recife, Ed. do autor, 1999).
A poetisa reside atualmente em sua cidade natal, onde continua respirando poesia.
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Mensagem do Poeta Zelito Nunes

Aproveitando  a  oportunidade, gostaria de  deixar registrado, da minha  grande admiração pelos Vates e Violas, cujas primeiras composições, tive o privilégio de ouvir , algumas até em primeira mão , por telefone.

Eu, aqui no Recife e eles no sítio São Francisco na Prata PB  aonde moravam debaixo da proteção do santo, de Duca Moura e Zé de Cazuza , seus pais.

Isso ainda na década de setenta quando tudo começou.

Não é preciso dizer da qualidade sonora e poética , desde o primeiro disco ( década de noventa) até o atual, passando pelo CD CAÇUÁ DE FORRÓ, gravado recentemente por Antenor Cazuza , (irmão mais novo da dupla) e uma grata surpresa como intérprete, contendo composição algumas não gravadas pelos VATES.

“CACHO DE UVA” e “FORRÓ AÇUCARADO” são dentre outras do CD, mais uma prova de que os VATES , permanecem produzindo com todo vigor .

A canção “O TEMPO E A SECA”, nos leva de volta pro nosso velho Cariri ,daí a emoção que produz no meu velho caririzeiro coração que sempre a ouve regado por lágrima que me banham o peito.

Não tenho dúvias de que os VATES, produzem hoje , tudo o que vai compor o belo e eterno do nosso cancioneiro popular nordestino e brasileiro, pras gerações futuras.

Quem disser o contrário estará mentindo , sem dúvida.

O excesso de modéstia de LUIZ HOMERO e MIGUEL MARCONDES , junto com a falta de divulgação por parte dos meios de comunicação , criam uma barreira entre eles e o grande público que merecia ouvir a melodia e a bela e telúrica poética dos VATES E VIOLOAS.

Meus parabéns para a ACINPE, por reconhecida e justa homenagem.

Que esse exemplo seja sempre seguido.

Banda Vates e Violas vence premio em Pernambuco 30 de novembro de 2010 
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A banda VATES E VIOLAS, formada pelos músicos Miguel Marcondes e Luiz Homero, filhos do Homem Gravador, poeta Zé de Cazuza do município de Prata, venceu o principal prêmio da música pernambucana, concedido pela ACINPE, associação de compositores e intérpretes de Pernambuco, no qual concorreram os maiores nomes da arte naquele estado.Sem dúvida é uma grande conquista para nossa região do cariri.

Como a melhor banda do estado em 2010, com 71% dos votos e foram os mais votados em todas as categorias com quase 9 mil votos.
 
A  ACINPE - Associação de cantores e interpretes de Pernambuco lançou mais um concurso, em 2010 foram 17 categorias com 17 premiados, mostrando o que Pernambuco tem de melhor na música em todos os aspectos, desde a sua composição até à radiodifusão. Esta é uma iniciativa que vem valorizar o que se tem de melhor musicalmente falando no estado, e que embora seja um pouco difícil a concorrência no mercado fonográfico nacional com as grandes gravadoras, os artistas da terra tem seu público fiel.  Indicados por uma comissão julgadora formada por profissionais de comunicação e pelo voto popular através de enquete no blog da ACINPE com o prêmio de Os Melhores da Música Pernambucana em 2010.

 

Um texto para reflexão

 Professor: um ofício em extinção
Falta de interesse dos jovens por cursar licenciaturas se reflete na escassez de professores. Só nos ensinos fundamental e médio, déficit é de 246 mil no País

Alessandra Duarte e
Carolina Benevides


Agência O Globo


RIO – Com a professora de história doente, e sem que a escola conseguisse substituto, o jeito foi os alunos fazerem as vezes de professor: em julho de 2009, três alunos do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Ernesto Faria deram aula dessa disciplina para colegas do 1º e 2º ano.
A falta de professores que atinge o ensino fundamental e médio é um problema que começa nos bancos das universidades, onde os alunos não querem mais se formar como professor. Um levantamento dos últimos censos escolares do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostra que, de 2005 a 2008, caiu 12,4% o número de concluintes de cursos superiores de “formação de professores de matérias específicas” – o item, no censo escolar, que abriga licenciaturas como as de português, matemática, química e física. Se eram 77.749 em 2005, foram para 68.128 em 2008 – ano que viu 817 alunos concluírem cursos de “formação de professores em português”, enquanto o de direito formou 85 mil, e cursos de administração, 103 mil.


O dado vai ao encontro de números da Fundação Carlos Chagas que dão conta de que, em média, 70% dos alunos que entram em cursos de licenciatura desistem antes de completá-lo.
Diminuiu ainda o número dos que entram nas faculdades para cursá-las: de 2005 a 2009, o número de alunos ingressando nesses cursos caiu 23,7% na rede privada e de 11,4% na rede pública, segundo o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp). Nesse período, o número total de matrículas em cursos de licenciatura nas redes pública e privada também caiu 8,1%.


“Já seria preocupante se esse número não tivesse crescido, mas caiu. E isso porque temos déficit de professores, não excesso”, sublinha Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp.
O déficit de professores, apenas da 5ª série do fundamental ao 3º ano do ensino médio, é de 246 mil no País. O quadro é mais crítico em física, química, matemática e biologia.
Para os professores que permanecem na carreira, fica a sobrecarga. Segundo o Inep, 753,8 mil professores no País na educação básica (redes pública e privada) davam aula para cinco ou mais turmas em 2009. No ensino médio, 72.241 lecionam para dez ou mais turmas.


Professora de história, Wânia Balassiano, 45 anos e há 25 na rede estadual, tem 12 turmas na Escola Estadual Ernesto Faria, no Rio, outras cinco numa escola particular e ainda dá aulas em casa: “Fico sobrecarregada, já adoeci e sei que a qualidade da aula seria melhor com menos turmas. A carreira não é valorizada, o Estado não incentiva que a gente faça mestrado, os salários são baixos. Amo o que faço, mas a sensação é que escolhem o magistério porque não têm coisa melhor para fazer”.


Ou porque não acham algo melhor. Estudo da Fundação Carlos Chagas em 2009 mostra que 68% dos alunos que cursam licenciatura vêm de escolas públicas. “A maioria não conseguiu passar para outra carreira. E os melhores não vão para a sala de aula, preferem fazer mestrado”, diz Mozart Ramos, conselheiro do Todos pela Educação.


“Minha turma começou com 20 alunos. Hoje somos cinco”, conta Rodrigo Barreto, no 3º período da licenciatura de letras da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
Em outro setor da universidade (física), João Pedro Brasil, 20, faz licenciatura, mas também bacharelado, como outros cinco colegas. Fazendo apenas licenciatura, só conhecem na turma Sofia de Castro, 19: “Já fui monitora de colégio e vi que dar aula era o que queria”, diz ela. Perguntada sobre quanto imagina ganhar, responde: “É melhor não pensar”.


Entrave maior para a valorização da carreira, o salário tem piso nacional que não chega a R$ 1.100 para 40 horas semanais. Mas esse valor não está sendo aplicado por muitos governos porque a lei está sob análise do Supremo Tribunal Federal, após Estados entrarem com pedido de revisão do texto.


“Não adianta falar em salário ideal quando a gente não consegue implementar nem o mínimo”, observa Paulo Corbucci, pesquisador de educação do Ipea.
Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Roberto Leão defende que os problemas não sejam atacados de forma isolada: “Professor precisa de plano de carreira, escolas com estrutura e a chance de se atualizar”.

Projeto Engolindo Sapos movimenta Espaço Pasárgada nesta quarta (01/12)

A partir das 18h, público participa de debate sobre arte e educação com Amanda Ramos (cineclubista), a educadora Selma Coelho e o professor Conrado Falbo.

O Espaço Pasárgada – equipamento cultural da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe)– recebe, nesta quarta-feira (1º de dezembro), a partir das 18h, a quinta edição do projeto Engolindo Sapos, uma parceria com a produtora Nós Pós. A ação tem o objetivo de criar um elo de contato entre artistas, pensadores, críticos, autores, educadores, promotores da cultura, jornalistas, editores por meio de um cronograma mensal de dinâmicas e descontraídas palestras. O encontro é aberto ao público.

Na ocasião, o tema abordado será Corpo, Cinema e Educação: O Papel Transformador, visando explanar as possibilidades de contribuição dessas formas artísticas para a educação. Os convidados são Conrado Falbo (mestre e doutorando em Teoria da Literatura, com formação artística em dança contemporânea e atuação na área de ensino e criação), Amanda Ramos (coordenadora Cineclube AZouganda - Nazaré da Mata e Cineclube Curta Doze e Meia - Recife) e Selma Coelho (educadora, fotógrafa, especialista em História das Artes e das Religiões e gestora do Espaço Pasárgada). A mediação fica por conta de Johnny Martins (doutorando em Literatura e Cultura pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal da Paraíba - UFPB).

SERVIÇO
Projeto Engolindo Sapos – 5ª edição
Tema: Corpo, Cinema e Educação: O Papel Transformador
Dia 01/12/2010
Horário: 18h
Espaço Pasárgada (Rua da União, 263 – Boa Vista).
Entrada Franca

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Concurso para Professores em Recife (PE) 2010 – 200 vagas

Começou nessa sexta-feira (12/11) o prazo para inscrições do concurso público da Secretaria Municipal de Administração e Gestão de Pessoas de Recife, capital do estado do Pernambuco.

A intenção do concurso é contratar 200 novos Professores. As vagas são para as áreas de: Português, Inglês, Artes, Matemática, Ciências, História, Geografia e Educação Física. Os salários variam de R$ 850 a R$ 2,5 mil dependendo da carga horária.
 
Veja o EDITAL.

Inscrições devem ser feitas no site www.upenet.com.br, até o dia 28 de novembro de 2010. Será cobrada uma taxa de R$ 40, para todos.

A seleção contará com provas objetivas, que estão marcadas para o dia 19 de dezembro de 2010, e análise de títulos. Saiba mais no site da UPENET.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

UMA HOMEAGEM DO POETA ISMAEL GAIÃO

GRANDE CORDEL DO POETA PAULO MOURA



Meu amigo Paulo Moura (Dunga) é Poeta Cordelista, membro da UNICORDEL,  pesquisador do Cangaço e sócio correspondente da Academia Serratalhadense de Letras. Tem diversos cordéis publicados, alguns dos quais fazendo referência ao Cangaço. Também Bacharel em Relações Públicas e estudante de História, profere palestras sobre Banditismo no Sertão (Lampião e o Cangaço), Literatura de Cordel e Gêneros da Poesia Popular.
Neste seu cordel, fica registrada a sensibilidade de um poeta e, principalmente sua preocupação com os males que atingem as crianças e adolescentes do nosso país, muitas vezes, por culpa de pais inescrupulosos e desumanos. 

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Poetas da Unicordel no Mercado da Boa Vista - Ismael Gaião, Kerlle Magalhães, Mauro Machado, João Campos, Paulo Moura e o Presidente, José Honório.

GABRIELA PEQUENINA
OU 
A HISTÓRIA DE UMA GAROTINHA DE PROGRAMA

Eu, viajando outro dia
lá pras bandas de Agrestina
num posto de combustível
deparei com uma menina
que, se eu bem não me engano
tinha dez ou onze anos
corpo pequeno e franzino
pareceu meio perdida
aquele taco de vida
sem eira, beira ou destino.

Se dirigindo pra mim
falou que estava com fome
me pedindo uma ajuda
eu falei pra ela: - tome!
Lhe entreguei algum trocado
e um pouco desconfiado
perguntei se estava só,
a sua mãe onde estava
se ela ali esperava
o pai, a tia ou a avó!

Ela deu um riso choco
e disse sem muito drama
que devido ao sufoco
vivia a fazer programa
que ali por qualquer dinheiro
deixava o caminhoneiro
fazer dela uma mulher
e se ele oferecesse
algo que ela comesse
lhe fazia o que quiser.

Fiquei meio estarrecido
ouvindo a pobre menina
falar feito gente grande
sendo assim tão pequenina,
então perguntei pra ela,
qual seu nome? Gabriela,
ela disse bem feliz
me deu um singelo abraço
e eu notei que em seu braço
tinha uma cicatriz.

- Quem lhe causou este dano?
Lhe perguntei assustado.
- Foi meu pai, um certo dia,
quando estava embriagado.
Deu de garra da peixeira
tentado fazer besteira
e eu, de pronto recusei
ele sem muito embaraço
rodou a faca em meu braço
me espancou e eu desmaiei.

Algumas horas mais tarde
envolta em sangue acordei
meu pai, caneiro e covarde
ali não mais avistei
olhando ao meu redor
notei que não estava só
vi minha mãe soluçando
com meu irmãozinho no braço
um outro lá no terraço
e um no bucho esperando…

Minha mãe muito sofrida
se entregou à bebedeira
velha, magra e carcumida
vivia na gafieira
meu pai, cortador de cana
quando recebia a grana
ia tomar de cachaça
eu, sem comida ou escola
vivia pedindo esmola
na avenida ou na praça.

Meus dois irmãos pequeninos
iam comigo também
três crianças, três destinos
sem apoio de ninguém
limpando os vidros dos carros
levamos gritos e esparros
de motoristas cruéis
eu, pedia em minhas preces
que Deus um dia fizesse
uma inversão de papéis.

Faminta e maltrapilha
cheguei nesse posto um dia
estava desfigurada
pois há muito não comia
aproximou-se um bacana
e me mostrando a grana
que levava a tiracolo
me levou pro caminhão
e sem muita enganação
me colocou no seu colo.

No momento eu não gostei
lembrei do meu genitor
pois recebia carícias
sem um pingo de amor
o homem, um velho gorducho
esfregava em mim seu bucho
e os meus seios beijava
senti um nó na garganta
mas a fome era tanta
que eu fingia que gostava.

Quando o velho terminou
me lambuzando DAQUILO
puxou a nota do bolso
e me entregou bem tranquilo
apenas cinco reais
não foi nem menos nem mais
a paga pelo que eu fiz,
lembrando a fome que eu tinha
me deu arroz com galinha
e eu fiquei até feliz.

Depois do fato ocorrido
me senti com depressão
mas uma outra menina
me deu cana com limão
e disse, com ironia
você se acostuma um dia
ou se saia se puder
se tu não achar um rumo
daqui um mês eu te arrumo
um emprego num cabaré…

Lá tu vai ficar famosa
sendo nova no pedaço
porque das moças antigas
de lá, só tem o cangaço
a vida de rapariga
lhe dá cansaço e fadiga
e deixa o corpo em frangalho
mas se não tem opção
lhe garanto a refeição
um teto e um agasalho.

Fiquei na casa de Lia
no fim da rua da lama
passo o dia aqui no posto
de noite, lá, ganho fama
pois sou nova na orgia
e os fãs da pedofilia
gostam de me ver pelada
se sinto eles me beijando
finjo que estou gostando
mas ali não sinto nada.

Abandonei a escola
porque não tinha merenda
a professora faltava
pois se queixava da renda
pra aprender ler e escrever
eu tinha que percorrer
dois quilômetros e meio
arrastando meu irmão
que tinha desnutrição
- Pense, no meu aperreio?

Saía de casa virgem
de um gole de café
às vezes comia uma fruta
quando caia do pé
quando na aula chegava
que a professora faltava
ficava lá de bobeira
sem merenda e sem lazer
não tendo o que fazer
pegava a fazer besteira.

Ia pra feira, no centro
pedir esmola ou roubar
ficando até irritada
se alguém não quisesse dar
me acostumei nessa vida
vendo a educação perdida
sem futuro e sem escola
passei a viver na rua
vivendo ao sabor da lua
aprendi a cheirar cola.

Meu irmão, menor que eu
tendo a mente meio fraca
de olho nuns pirulitos
que tinha numa barraca
de pedir não teve jeito
resolveu meter o peito
pegando alguns escondido
o dono, vendo a malícia
mandou chamar a polícia
e ele foi apreendido.

Como ele era menor
foi levado pra FEBEM
lá apanhou de dar dó,
foi estuprado também.
e seus próprios companheiros
malvados e traiçoeiros
menores enlouquecidos
em cada surra que o davam
sem querer ali talhavam
no meu irmão, um bandido.

Quando meu irmão saiu
daquela casa de horrores
me contou seu sofrimento,
os seus traumas, suas dores.
demente e contrariado
foi morar com um viado
que na prisão conheceu
e pra pagar a guarida
hoje está na mesma vida:
faz programa que nem eu!

Seu moço, minha vontade
era poder estudar
aprender algum ofício
ter dinheiro, trabalhar
casar, ter minha família
e educar minha filha
mostrando o valor da luta
dar tudo que ela precisa
suando a minha camisa
pra ela nunca ser puta.

E se arranjasse um marido
alguém que enfim, me quiser
eu ia mostrar pra ele
o valor de uma mulher.
Pra mamãe muitos carinhos
eu dava e meus irmãozinhos
de existência sofrida
na escola particular
eles irão estudar
quando eu sair dessa vida.

Ao ouvir aquilo tudo
fiquei um tanto chocado
resolvi não ficar mudo
e ousei mandar o recado
pra que a criança leia
e a mãe não fique alheia
e lute sempre por ela
pra que ela nunca queira
pensar, nem por brincadeira
em ser uma Gabriela.

E faço um apelo aos governos
que olhem nossas crianças,
a delinquência infantil
é a pior das heranças.
a falta de educação
é da prostituição
o principal descaminho
o jovem sem assistência
não tem força ou competência
para caminhar sozinho.

Cultura e Educação

(Artigo copiado do site do Ministério da Cultura)

Contribuir para qualificar a educação formal e formação cidadã dos brasileiros

 

A estreita relação entre educação e cultura nos processos de formação da cidadania ressalta o caráter indispensável das ações de integração das manifestações intelectuais e artísticas nas práticas pedagógicas de ensino formal e informal. 

A correção da fratura entre as formulações e o planejamento das políticas relacionadas às duas áreas deve ser o foco de ações articuladoras das diversas instâncias e esferas da administração pública.

Por outro lado, é necessário reconhecer que os problemas de acesso à educação e à cultura produzem impactos mútuos. Entre outros exemplos, estão as lacunas na formação artístico-cultural dos estudantes
brasileiros, que desse modo deixam de constituir um grupo social atento e crítico para a recepção e produção de manifestações simbólicas.

Os desafios prioritários para uma política cultural atrelada à de educação incluem a capacitação de docentes, a disponibilização de bens culturais a professores e alunos, a troca de informações e competências entre os dois campos, o reconhecimento dos saberes tradicionais, o compartilhamento de projetos e recursos, o aprimoramento do ensino das artes nas escolas e a transformação dessas instituições em centros de convivência e experiência cultural. 

Nas instituições de ensino do nível básico ao superior, a política cultural deve promover o acesso a repertórios do Brasil e do mundo, numa perspectiva não-instrumental.

3° PAJEÚ EM POESIA

LAMPIÃO NEM HERÓI, NEM BANDIDO- A HISTÓRIA

O Núcleo de Estudos do Cangaço da UBE/PE, a Associação dos Realizadores de Teatro de Pernambuco – ARTEPE e a Fundação de Cultura Cabras de Lampião realizam a Noite do Xaxado. Música, poesias do cangaço, lançamento do livro que tem apresentação de Raimundo Carrero: LAMPIÃO, NEM HERÓI, NEM BANDIDO. A HISTÓRIA, de Andilomá Willans de Souza.
É um conjunto de depoimentos de pessoas do sertão, postas em ordem cronológica, que contam histórias do Rei do Cangaço, numa linguagem coloquial, falando da sua família, seus desentendimentos com o vizinho fazendeiro, Zé Saturnino, a origem do apelido, quem eram os Nazarenos, a coragem e valentia  do cangaceiro Meia-Noite, o que aconteceu no casamento de sua prima Licor, as principais cidades atacadas ou visitadas pelos cangaceiros em sete estados do Nordeste, como morreram seus irmãos, quem foi Sabino  das Abóboras,  uma entrevista com Sinhô Pereira, o advento do sexo feminino nas fileiras lampiônicas,  enfim, várias passagens e aspectos de sua vida, culminando com a tragédia de Angicos. Trás uma série de depoimentos de cangaceiros, militares e testemunhos do massacre que pôs fim ao cangaço e a saga de Lampião.

        São 240 páginas e um acervo de vinte   fotografias.
        O livro é apresentado pelo escritor Raimundo Carrero.

ANILDOMÁ WILLANS DE SOUZA – Como todo bom sertanejo, de Serra Talhada, sertão do Pajeú, conterrâneo de Lampião, gosta de ouvir e contar histórias dos cabras valentes que povoaram esta região  e somente quem vive neste universo do xiquexique e mandacaru pode falar com tanta precisão e clareza sobre o Rei do Cangaço.

Também faz parte da programação do evento: lançamento do documentário/DVD XAXADO: A DANÇA DE CABRA MACHO,  e apresentação do Grupo de Xaxado Cabras de Lampião (filiado à ARTEPE)

Serviço:
O evento acontece dia 18 de novembro na União Brasileira de Escritores/ Secção-Pernambuco, Rua de Santana, 202 – Casa Forte, às 19h.
Contatos para entrevistas com o autor:
Izaltino Caetano (Presidente da ARTEPE)-3224 1692 / (81) 9237 0745

--
Artepe, seguir em frente na construção de boas relações.

Acesse o nosso blog Artepe Online:
www.artepe2004.blogspot.com

sábado, 13 de novembro de 2010

VESTIBULANDA NOTA 10

O Vestibular da Universidade da Bahia cobrou dos candidatos a interpretação
do seguinte trecho de poema de Camões:

 'Amor é fogo que arde sem se ver,
 é ferida que dói e não se sente,
 é um contentamento descontente,
 dor que desatina sem doer '.

Uma vestibulanda de 16 anos deu a sua interpretação:

"Ah, Camões! Se vivesses hoje em dia,
 tomavas uns antipiréticos,
 uns quantos analgésicos e Prozac para a depressão.
 Compravas um computador, consultavas a Internet
 e descobririas que essas dores que sentias,
 esses calores que te abrasavam,
 essas mudanças de humor repentinas,
 esses desatinos sem nexo,
 não eram feridas de amor,
 mas somente falta de sexo !'

A Vestibulanda ganhou nota DEZ, pela originalidade, pela estruturação dos
versos, das rimas insinuantes e também, foi a primeira vez que, ao longo de
mais de 500 anos,  alguém desconfiou que o problema de Camões era apenas
falta de mulher.

PREMIO MAIS CULTURA

O Ministério da Cultura divulgou ontem 12-11-2010:

Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel 2010

(se não abrir copie e cole o link)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A HORA DA POESIA

Raimundo Nonato e Nonato Costa trabalhando o tema:

O SERTÃO NA CAPITAL

Raimundo Nonato
Esse ambiente é a cara
de algo que não me estressa,
essas pilastras são marcos,
esse alpendre é outra peça,
e a casa do meu avô
era a fotocópia dessa.

Nonato Costa
Parece o sertão à beça,
que lembro a casa primeira,
torno de pau de armar rede,
couro de cobrir cadeira,
prego de pendurar quadro
de santo comprado em feira. 

Raimundo Nonato
Nessa casa que eu destaco,
parece que eu estou lá,
no sertão que pote é freezer,
banco de angico é sofá,
e água de cacimba ganha
da mineral Indaiá.

Nonato Costa
No local que a gente está,
exibindo os nossos motes,
me lembra fogão de lenha,
pano na boca dos potes,
galinha ciscando lixo,
pra dar inseto aos filhotes.

Raimundo Nonato
Parece estar nos serrotes,
que têm madeira em cavouco,
que formiga corta folha,
que macaco quebra coco,
peba se hospeda em buraco
e mangangá se arrancha em oco.

Nonato Costa
Em também me lembro um pouco
da minha região bela,
casa que não tem ferrolho,
na porta nem na janela,
tem por dentro uma travessa,
reforçando a taramela.

Raimundo Nonato
Estou na floresta bela,
que cancão acua cobra,
bem-te-vi dá muitos vôos
e beija-flor faz manobra,
João de Barro constrói casa
E não tira alvará da obra.

Nonato Costa
Nessa casa a gente cobra,
igual na zona rural,
as paredes de tijolo,
sem ter cimento nem cal,
parece coisas de sítio
e não as da capital.

Raimundo Nonato
Parece até um local,
lá perto do Seridó,
que ainda não usam ruge,
que botam somente pó,
e mulher inda compra friso,
no cabelo usa um cocó.

Nonato Costa
Casa que tem caritó,
lembrando a gente comove,
a tábua de guardar queijo,
para que rato não prove,
e semente guardada em litro,
pra plantar depois que chove.

Raimundo Nonato
Esse ambiente, eu estando,
pareço estar no recinto,
que a preguiça é vagarosa,
que o gafanhoto é faminto,
e passarinho inda se engancha
em folhas de pega-pinto.

FEIRA DO LIVRO

NOTICIAS DO SERTÃO

CABRAS DE LAMPIÃO
DO SERTÃO AO LITORAL
Oi, gente:
Em 1926 o sertão nordestino estava pegando fogo! Os cangaceiros, buscando fazer justiça com as próprias mãos, desafiavam os coronéis e fazendeiros, invadindo vilas e cidades. No dia 26 de dezembro desse mesmo ano aconteceu o maior combate da história do cangaço: O Combate da Serra Grande, em Serra Talhada. Lampião liderando um grupo de sessenta cangaceiros enfrentou um contingente de quatrocentos soldados. O tiroteio começou as 08h45min da manhã e terminou as 04h45min da tarde. Dezenas de "macacos" morreram e nenhum cangaceiro foi sequer baleado. Um verdadeiro espetáculo de liderança e estratégia militar demonstrado por Lampião. Dois dias após essa brigada, Lampião foi ao telégrafo da cidade de Custódia e de lá enviou um telegrama ao Governador de Pernambuco, autodenominando-se de Governador do Sertão:
"Senhor Governador de Pernambuco
Suas Saudações com os seus:
Faço-lhe esta devido a uma proposta que desejo fazer ao senhor para evitar guerra no sertão e acabar de vez com as brigas... se o senhor estiver de acordo devemos dividir os nossos territórios. Eu que sou o Capitão Virgolino Ferreira (Lampião), Governador do Sertão, fico governando esta zona de cá, por inteiro, até as pontas dos trilhos em Rio Branco. E o senhor, do seu lado, governa do Rio Branco até a pancada da água do mar. Isso mesmo. fica cada um no que é seu. Pois então é o que convém. Assim ficamos os dois em paz, nem o senhor manda os seus macacos me emboscar, nem eu com os meninos atravessamos a extrema, cada um governando o que é seu sem haver questões. Faço esta por amor a paz que eu tenho e para que não diga que sou bandido, que não mereço.
Aguardo sua resposta e confio sempre.
Capitão Virgolino Ferreira (Lampião)
Governador do Sertão."

OBS Rio Branco é atualmente a cidade de Arcoverde.
Pois bem, se LAMPIÃO não conseguiu implantar seu império,  o GRUPO DE XAXADO CABRAS DE LAMPIÃO, espalha esse reinado do Comandante das Caatingas por todo estado, apresentando o Projeto CABRAS DE LAMPIÃO DO SERTÃO AO LITORAL incentivado pelo FUNCULTURA / FUNDARPE / SECRETARIA DE EDUCAÇÃO / GOVERNO DE PERNAMBUCO.

O Projeto consiste em:
1 - Exposição de fotografias do cangaço.
2 - Palestra “Lampião. Nem herói nem bandido. A história”, com Anildomá Willans de Souza.
3 - Apresentação do Grupo de Xaxado Cabras de Lampião.
Segue o calendário  das  cidades:
08 DE OUTUBRO/10...........ARARIPINA – PE
12 DE OUTUBRO/10...........PETROLINA –PE
15 DE OUTUBRO/10...........SALGUEIRO – PE
16 DE OUTUBRO/10...........BELÉM DO SÃO FRANCISCO –PE
19 DE OUTUBRO/10...........TRIUNFO – PE
22 DE OUTUBRO/10...........SERTÂNIA – PE
26 DE OUTUBRO/10...........CARUARÚ – PE
29 DE OUTUBRO/10...........GARANHUS – PE
05 DE NOVEMBRO/10.........PALMARES – PE
09 DE NOVEMBRO/10.........ALIANÇA – PE
12 DE NOVEMBRO/10..........LIMOEIRO – PE
19 DE NOVEMBRO/10..........RECIFE – PE

Saudações cangaceiras.
ANILDOMÁ WILLANS DE SOUZA
GRUPO DE XAXADO CABRAS DE LAMPIÃO
PONTO DE CULTURA ARTES DO CANGAÇO
MUSEU DO CANGAÇO
Tel. 87 - 3831 3860 e 87 – 9918 5533
E-mail: cabrasdelampiao@gmail.com  e  cabrasdelampiao@bol.com.br
Site: www.cabrasdelampiao.com.br

A HORA DA POESIA

Ouvi este soneto belíssimo da boca do amigo e poeta Val Patriota dia destes no mercado da madalena. Trata-se de uma poesia do mestre ROGACIANO LEITE, que ele  fez em homenagem ao seu filho. Achei por bem repartir a alegria de lê-la com vocês:


CHAMA-SE ROGACIANO LEITE FILHO
TEM AS MINHAS FEIÇÕES A MINHA VOZ, A PELE
EU QUERO TANTO TANTO BEM A ELE
QUE NEM SEI SE SOU PAI OU SE SOU FILHO

NUNCA EXISTIU E NEM EXISTE BRILHO
QUE BRILHE TANTO COMO OS OLHOS DELE
NESSE MUNDO EM QUE VIVO E QUE ME HUMILHO
AS MINHAS ESPERANÇAS ESTÃO NELE

PODERÁ SER UM PADRE, UM CARPINTEIRO
UM GENERAL, UM MÚSICO, UM PEDREIRO
QUALQUER COISA QUE OUVER DE NOVO EM SÍ

RICO OU POBRE O DESTINO NÃO LHE AFETA
EU SÓ NÃO QUERO QUE ELE SEJA POETA
PARA NUNCA SOFRER COMO EU SOFRI

A HORA DA POESIA

SONETO AO FILHO
(DINIZ VITORINO)

FILHO MEU NUNCA FAÇAS O QUE EU FIZ
E O QUE EU FIZ NÃO PROCURE NEM SABER
VEJA BEM MEU SEMBLANTE QUE ELE DIZ
O QUE EU TENHO VERGONHA DE DIZER

NÃO MATEI, NÃO FERI, PORQUE NÃO QUIZ
SEIFAR VIDAS HUMANAS PRA VIVER
O MEU MAU FOI CANTAR PRA SER FELIZ
TENDO DOR PRA CHORAR ATÉ MORRER

QUE LOUCURA MEU FILHO, É SER POETA
FINGIR QUE É FILOSOFO, QUE É PROFETA
SEM REUNIR MULTIDÕES PREGAR A ESMO

AOS ESPAÇOS MANDAR CANTOS FINGIDOS
PROCURAR CONSOLAR OS OPRIMIDOS
QUANDO O MAIS OPRIMIDO SOU EU MESMO

Recital poético musical solidário.

(Teatro Apolo no dia 11 de novembro às 19h)

Allan Sales e Leda Dias, cantora e diretora do Memorial Luiz Gonzaga, promovem o Recital poético musical solidário. Com artistas de música e poesia no Teatro Apolo no dia 11 de novembro às 19h, em prol do tratamento de saúde de Walter José dos Santos, funcionário do Memorial Luiz Gonzaga.  Teremos também um bazar com livros, CDs de música e poesia e folhetos de cordel, revertendo as vendas do bazar e a bilheteria em prol do tratamento de recuperação e cobertura das despesas que extrapolam os ganhos do cidadão e de sua esposa e parentes.

Participam: As cantoras Lêda Dias, Nena Queiroga e Fátima de Holanda, o músico, poeta e compositor Allan Sales, Felipe Mendes, Divino do Acordeom e o percussionista Aron Leal .

Poetas: Ismael Gaião, Junior do Bode, Pedro Américo de Farias, Felipe Junior, José Honório, Edgar de Patos, Cícero Lins, Paulo Moura, Marcelo Mário de Melo,Susana Morais, Tiago Martins, Letícia Aragão, o ator Morse Lyra Neto e outros convidados nossos que confirmaram suas participações neste recital.

Estamos organizando a venda antecipada dos ingressos ao preço único de R$ 5,00 os interessados em adquirir os mesmos, favor entrar em contato.

Informações: 8845 -9991
allanmenestrel@gmail.com

RIMA NOS PAMPAS


Caderno 3 - Diario do Nordeste, 29 de outubro de 2010

Cordelista e ilustrador nordestinos lançam folhetos amanhã, na 56º Feira do Livro de Porto Alegre. As obras são baseadas no clássico "Contos Gauchescos", de Simões Lopes Neto


A partir de amanhã, Porto Alegre ganha sotaque mais nordestino. Pelo menos no Centro Histórico da cidade, onde acontece a 56º Feira do Livro da capital gaúcha, maior evento do tipo a céu aberto das Américas. Iniciada ontem, a Feira conta este ano com a presença do cordelista cearense Arievaldo Viana e o ilustrador pernambucano Jô Oliveira, que lançam neste sábado dois folhetos baseados na obra do folclorista gaúcho Simões Lopes Neto.

As duas obras são "300 Onças" e "Melancia - Coco Verde" (Editora Corag), ambos adaptados do célebre livro "Contos Gauchescos" (1912), uma coletânea de 19 contos de Lopes Neto, narrados pelo personagem vaqueiro Blau Nunes. O primeiro conta a aflição de um tropeiro que pensa ter perdido grande quantidade de ouro que o patrão lhe confiara para compra de gado.

Já o segundo, de autoria do paraibano José Camelo de Melo e reconstruído por Lopes Neto em "Contos Gauchescos", relata uma história de amor proibida, em que o rapaz e a moça acertam de trocar mensagens sob os codinomes de "melancia", para ela, e "coco verde", para ele.

"Jô sempre teve um bom contato com a Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL), e eu sempre admirei os contos de Lopes Neto, e tinha vontade de fazer a adaptação. Então nos juntamos para fazer o projeto", explica Viana. "Posteriormente, a ideia é fazer um livro que reúna mais contos do autor, com a participação de outros escritores".

Além do lançamento dos folhetos, Viana e Oliveira realizam palestras e visitas a escolas da rede pública para difundir o uso da poesia popular como ferramenta paradidática.

Registro em som

Paralelamente ao lançamento de "300 Onças" e "Melancia - Coco verde" (cada um com tiragem de 10 mil exemplares), Arievaldo Viana participa ainda do projeto Grava Livro Aí, outro destaque da programação da Feira, que consiste na gravação de um CD no qual 10 escritores de literatura infantil e juvenil contam histórias de seus livros.

As narrativas serão gravadas no Estúdio MóvelGravaêh, que funciona em um ônibus da ONG Cirandar. Equipado com alta tecnologia digital, o veículo roda o Rio Grande do Sul gravando músicos de diferentes estilos.

Na Feira do Livro, o Gravaêh estará promovendo a literatura por meio da gravação de histórias lidas pelos escritores e de mediações de leituras realizadas pelos voluntários do Instituto C&A, que acontecerão no entorno do ônibus. Nesta primeira edição do projeto, Viana vai ler os textos de "Pavão Misterioso" (sua versão, em parceria com Jô Oliveira) e "Bicho Folharal", lançados pela editora Imeph, de Fortaleza.

ADRIANA MARTINS
REPÓRTER


* * *

UM ENCONTRO ENTRE O RIO GRANDE DO SUL E O NORDESTE

Um encontro entre o Rio Grande do Sul e o Nordeste
30 de outubro de 2010 (Fonte: BLOG DO LEITOR - 56ª FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE)

Originária do Nordeste brasileiro, a literatura de cordel invade a 56ª Feira do Livro de Porto Alegre na forma de contos do escritor gaúcho Simões Lopes Neto. O evento Conversando sobre cordel e causos gaúchos reuniu, na Arena das Histórias, o ilustrador pernambucano Jô Oliveira, o poeta cearense Arievaldo Viana, o chargista gaúcho Santiago, o poeta Luiz Coronel e o patrono Paixão Côrtes.

- A literatura de cordel que representa o sentimento do nordestino agora atinge o linguajar do Rio Grande do Sul, declarou Paixão Côrtes, fazendo referência aos dois contos gauchescos de Simões Lopes Neto (Melancia e Coco Verde e 300 Onças) adaptados para o cordel.

Um dos realizadores deste trabalho, Arievaldo Viana, lembrou da admiração pelo escritor gaúcho e ainda proferiu contos e causos oriundos do Ceará, adotando a linguagem característica do sertão. Jô Oliveira admitiu que a ideia de trazer a literatura de cordel para o Rio Grande do Sul já era antiga:
- As obras de Simões Lopes Neto representavam um sentimento de que precisávamos fazer essa aproximação.

Jô Oliveira, Arievaldo Viana, Luiz Coronel, Paixão Côrtes e Santiago
Santiago acredita que o escritor soube adaptar o linguajar do gaúcho “sem assassinar a língua portuguesa. Paixão Côrtes conclamou o início de seus trabalhos de pesquisa nos anos 40, os quais revelam que as únicas imagens que o gaúcho representava a si próprio tinham raízes nos caubóis americanos. O poeta Luiz Coronel ressaltou a importância da obra popular:

- Não há grande obra que não tenha passado pela esfera popular. E isso tem muito a ver com o povo gaúcho, representado na figura do patrono deste ano. Em 2010, a Feira se mirou no espelho e viu que tinha um bigode bonito.

RECADO DO POETA ANTONIO LISBOA




NOTÍCIAS DO COCANE

Nos dias 10 e 11 de novembro de 2010, o Recife será mais uma vez palco da poesia popular. Acontecerá na Capital pernambucana, a IX edição do COCANE – Congresso de Cantadores do Nordeste. O evento será realizado no Pátio de São Pedro, a partir dos 20h00min horas e terá apoio total da prefeitura do Recife através da Fundação de Cultura da Cidade do Recife. Participarão os mais renomados Repentistas, Coquistas, Declamadores, Aboiadores e Cordelistas. Os nomes de Edmilson Ferreira, Ivanildo Vila Nova, Raimundo Caetano, João Paraibano, Chico de Assis, Chico Pedrosa, Iponax Vila Nova, Raudênio Lima, Estão confirmados.

Mais informações, com Antonio Lisboa, Coordenador.
Fone: 81.9760.9444/8856.2140