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Recife, Pernambuco, Brazil
O Blog Educar com Cordel é editado pelo poeta e escritor Paulo Moura, Professor de História e Poeta CORDELISTA. Desenvolve o projeto EDUCAR COM CORDEL que visa levar poesia e literatura de cordel para as salas de aula, ensinando como surgiu a Literatura de Cordel, suas origens, seus estilos, suas heranças. O Projeto Educar com Cordel é detentor do Prêmio Patativa do Assaré de Literatura de Cordel do MINC (Ministério da Cultura).

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Jovem brasileiro está atrasado nos estudos

Publicado em 20.01.2010 no JC

 
Pesquisa realizada pelo Ipea constata que apenas 48% dos estudantes de 15 a 17 anos estão no ensino médio, etapa ideal na escola para a faixa etária. Déficit se reflete também em idades mais avançadas

SÃO PAULO – Menos da metade dos jovens brasileiros de 15 a 17 anos cursa o ensino médio, etapa na escola adequada para essa faixa etária, de acordo com o estudo Juventude e Políticas Sociais no Brasil, lançado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que mostra outros dados preocupantes sobre a educação de jovens no País.
Fenômenos como as altas taxas de evasão escolar, escassas oportunidades no mundo do trabalho, índices alarmantes de morte precoce ou a dinâmica de reprodução de desigualdades centenárias entre as novas gerações confirmam uma trajetória irregular e de muitos fracassos na faixa etária entre 15 e 29 anos. “O Brasil chegou um pouco tarde com as políticas públicas para a juventude. Até o início do século passado, o tema da juventude era praticamente inexistente”, afirmou o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, no lançamento.
Embora 82% dos adolescentes entre 15 e 17 anos estejam matriculados na escola, o problema está no atraso para concluir os estudos, situação que reflete nas faixas de idade mais à frente. Segundo a pesquisa, apenas 48% de jovens daquela faixa etária cursavam o ensino médio em 2007. Na população de 18 a 24 anos, apenas 30% têm o ensino médio completo e 65% estão fora da escola. Outros 13% estão no ensino superior. Na faixa seguinte, de 25 a 29 anos, só 9,4% têm o superior completo, abaixo da meta de 30% estipulada para 2011 no Plano Nacional de Educação (PNE).
O relatório diz também que o Brasil apresenta até hoje um quadro alarmante em relação à concretização de direitos humanos de parcela expressiva de sua juventude. Para o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Jorge Abrahão de Castro, o jovem pobre e negro é uma das maiores vítimas da atual falta de políticas específicas.
Um ponto positivo mostrado pelo levantamento é que a taxa de analfabetismo caiu significativamente entre os jovens nos últimos anos. Na faixa de 15 a 24 anos, a redução foi de 66,6% entre 1996 e 2007. Entre aqueles com idade de 25 a 29 anos, a queda foi de 48%.
Mas o Ipea alerta para a desproporção entre as regiões. “Apesar de ter havido acentuada redução do analfabetismo no segmento de jovens entre 1996 e 2007, esse avanço não foi acompanhado de redução das disparidades regionais, o que reforça a necessidade de intensificar e ampliar ações que priorizem as Regiões Norte e, em particular, a Nordeste”, diz o estudo. O País, de acordo com o instituto, ainda tem 1,5 milhão de analfabetos com idades entre 15 e 29 anos.
O grau de analfabetismo da população brasileira, medido pela taxa de pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever um bilhete simples, ainda se encontrava no patamar de 10% em 2007. O percentual é elevado, comparado ao de outros países da América do Sul, como Uruguai, Argentina e Chile, cujas taxas variam entre 2% e 4%.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Cordel: Educação e Acessibilidade

É muito comum a gente ouvir algum parente, amigo ou qualquer outra pessoa de idade mais avançada e que tenha vindo do interior do nordeste, dizer que aprendeu a ler através dos folhetos de cordel que se vendia nas feiras das cidades do interior. E, dentro desse universo que é o aprendizado, o mais interessante e importante é saber que o individuo que aprendeu a ler através de um folheto, o fez de maneira lúdica e divertida.
A literatura de Cordel, em muito contribuiu para a alfabetização da população menos favorecida economicamente, pois, a acesso aos folhetos era facilitado pelo baixo preço, tanto da confecção quanto da aquisição.
O Brasil é um dos países onde pouco se lê.
O brasileiro não foi instruído nem estimulado à leitura, pois o preço de um livro no Brasil é muito alto para uma população que subsiste com sua minguada renda. E, entre os compromissos do mês, seja com alimento, moradia, transporte, etc. pouco sobra para o lazer e muito menos sobra para a aquisição de um bom livro.
É ai que entra o folheto de cordel. Com preço acessível, que varia entre um a dois reais, a aquisição de um exemplar do folheto se torna possível a todas as camadas sociais.
A literatura de cordel já se mostrou viável para aproximar o homem das letras. Hoje, já é uma realidade a boa aceitação do Cordel dentro da sala de aula como instrumento de alfabetização, incentivando à leitura e oferecendo ao leitor um universo amplo onde sua imaginação flui, transformando os jovens em pessoas mais esclarecidas, pois, a necessidade de investigação, pesquisa e leitura o faz se aproximar cada vez mais da informação e o afasta da criminalidade que o ócio provoca.
Durante mais de dois anos, iniciei, junto com um parceiro poeta, um projeto “Educando em Cordel” e deste projeto piloto já surgiram outras vertentes que é o “Cordel Itinerante”, o “Cordel na Sala de Aula” e outras tantas e tantas palestras motivacionais e oficinas culturais onde o cordel é o foco principal, seja ensinando com se faz e se escreve o folheto ou mesmo falando sobre outros temas culturais em forma de poesia de Cordel.
O Cordel é divertido, é lúdico, é inspirador. Quem se aproxima dessa arte, não consegue mais se distanciar dela. Desde que iniciamos essas aulas/oficina, já podemos contabilizar bem mais que 30 escolas públicas que tiveram a oportunidade de conhecer e aprender a arte da poesia. Fazendo uma multiplicação rápida dá pra somar mais de 1000 alunos que aprenderam com a gente a fazer verso e a metrificar uma frase. Isso sem contar tantos outros poetas que foram facilitadores de tantas outras oficinas de Cordel.
Nós que damos aula de Cordel temos uma responsabilidade social e uma meta a cumprir, que é ajudar a quem não tem o hábito da leitura - àquele que sabe ler, mas não sabe interpretar o que lê e a tantos outros jovens que, embora já tenham passado da 5ª série, ainda não consegue desvendar os segredos das letras – a se aproximar do livro e desse universo maravilhoso que é a compreensão das coisas que estão à sua volta.
Temos uma meta a cumprir. Do mesmo modo que acreditamos que um dia todos os alunos das escolas públicas terão um computador pessoal na sala de aula, almejamos que nessa mesma sala de aula eles tenham também vários títulos de folhetos de cordel para ler.








domingo, 3 de janeiro de 2010

Patativa tem versos inéditos

(Este texto foi copiado do Jornal Diario do Nordeste em 2009. Como é um assunto de grande relevância para o mundo da poesia e da educação, resolvi republicá-lo para que as pessoas que ainda não tiveram a oportunidade de ler, façam agora! Boa leitura a todos!)

A poesia popular de Patativa do Assaré ainda continua como principal ícone do cotidiano do sertão nordestino

Assaré. Para quem pensa que a fonte poética de Patativa do Assaré se esgotou, uma novidade: brevemente, será lançado um livro com poemas inéditos. Os versos, segundo Inês Alencar, filha do artista, estão com o seu sobrinho Geraldo Gonçalves, apontado por Patativa como um dos seus seguidores. Está sendo discutida também a possibilidade de publicação dos poemas eróticos de Patativa que foram deixados com o padre Antônio Vieira, o defensor dos jumentos, e agora estão com o médico e amigo da família José Flávio Vieira.

“Não nego meu sangue,
não nego meu nome,
olho para fome e pergunto:
o que há?
Eu sou brasilêro
fio do Nordeste”,
Sou cabra da peste,
sou do Ceará...”

Seis anos depois da morte de Patativa, seus versos correm de boca em boca, evangelizando o sertão e enternecendo as academias com seu saber profético. A música “A Triste Partida”, interpretada por Luiz Gonzaga, ainda é a maior descrição da odisséia do nordestino retirante que deixa o seu torrão natal em busca de emprego. A casa onde ele nasceu, na Serra de Santana, município de Assaré, ameaça desabar, mas a sua poesia, extraída da terra árida, se mantém de pé.

Localizada no limite do Cariri com a região dos Inhamuns, a mais seca do Estado, a cidade de Assaré seria mais um município do Ceará, sem nenhuma projeção, se não fosse o poeta Patativa que, em vida, não imaginava que a sua obra poética seria estudada na Universidade de Sorbonne, na França. A humildade do artista é evidente:

“Meu verso rasteio, singelo e sem graça
Não entra na praça, no rico salão
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.”

A principal temática de Patativa era a seca e a terra onde vivia, mas as poesias bem-humoradas e as histórias pitorescas da vida sertaneja também estão presentes em seus poemas. Enquanto lavrava a terra com a enxada, fazia brotar do solo árido o lirismo de sua poesia. Foi o intérprete da alma nordestina, cantando suas dores e sofrimentos e também as belezas do sertão.

Na casa de taipa onde viveu, produziu também poemas eruditos comparados pelo reitor da Urca, professor Plácido Cidade Nuvens, com os maiores clássicos da literatura portuguesa, entre os quais Fernando Pessoa, Castro Alves, Padre Antonio Thomaz, Antonio Sales, Camões e Olavo Bilac.

Nas pegadas do Padre Antonio Thomaz, “príncipe dos poetas cearenses”, Patativa produziu um soneto em defesa da prostituta com o título “A Meretriz” . Abaixo, alguns versos deste soneto:

Se alguém te chamas de perdida e louca
Não acredites, pois não é verdade.
Há quem procure cheio de ansiedade
A graça e o riso que tu tens na boca...

...Fostes menina, já usastes touca
Fostes donzela, tinhas virgindade...

... Alguém te estima e com fervor te quer
... És a fonte de matar a sede
Do desgraçado que não tem mulher.

sábado, 2 de janeiro de 2010

SE ESSA LEI PEGA!!!

Dia desses me mandaram um email bem interessante sobre um projeto de lei do senador Cristovan Buarque. Resolvi postá-lo porque achei muito interessante. Leiam:

Projeto obriga políticos a matricularem seus filhos em escolas públicas.


Uma idéia muito boa do Senador Cristovam Buarque.

Ele apresentou um projeto de lei propondo que todo político eleito (vereador, prefeito, Deputado, etc.) seja obrigado a colocar os filhos na escola pública. As conseqüências seriam as melhores possíveis.

Quando os políticos se virem obrigados a colocar seus filhos na escola pública, a qualidade do ensino no país irá melhorar. E todos sabem das implicações decorrentes do ensino público que temos no Brasil.



SE VOCÊ CONCORDA COM A IDÉIA DO SENADOR, DIVULGUE ESSA MENSAGEM.



Ela pode, realmente, mudar a realidade do nosso país. O projeto PASSARÁ, SE HOUVER A PRESSÃO DA OPINIÃO PÚBLICA.



http://www.senado.gov.br/sf/atividade/Materia/detalhes.asp?p_cod_mate=82166





PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 480, DE 2007

Determina a obrigatoriedade de os agentes públicos eleitos matricularem seus filhos e demais dependentes em escolas públicas até 2014.