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O Blog Educar com Cordel é editado pelo poeta e escritor Paulo Moura, Professor de História e Poeta CORDELISTA. Desenvolve o projeto EDUCAR COM CORDEL que visa levar poesia e literatura de cordel para as salas de aula, ensinando como surgiu a Literatura de Cordel, suas origens, seus estilos, suas heranças. O Projeto Educar com Cordel é detentor do Prêmio Patativa do Assaré de Literatura de Cordel do MINC (Ministério da Cultura).

terça-feira, 9 de agosto de 2011

SAIU no BESTA FUBANA: CORONÉIS X CANGACEIROS por Paulo Moura

CORONÉIS X CANGACEIROS

Muitos foram os cangaceiros que fizeram estória na região sertaneja. Desde o século XVIII estes valentes malfeitores aterrorizaram a vida de muitas pessoas em todo o nordeste.
Cabeleira, Lucas da Feira, Jesuíno Brilhante, Adolfo Meia Noite, Antônio Silvino, Sinhô Pereira e… Lampião.
Todos estes homens se celebrizaram mais pela violência que praticaram do que por qualquer outra coisa que tenham feito. A indagação que nos é feita à luz de toda essa casta de homens brutos nos leva a querer sondar nos anais da história o porque de tanta violência.
Numa terra onde a justiça é cega… e reta, esses homens, pelos crimes que cometeram, seriam condenados às penas máximas. Porém, levando em consideração a terra em que viveram e os costumes que nela absorveram, lhes cabe um recurso: eram homens ignorantes, embrutecidos, alheios à justiça.
Em contrapartida temos os coronéis do sertão. Homens brutos, porém com alguma instrução. Conhecedores das leis, mas apenas no que tange a seus direitos. Civilizados, mas apenas para com os seus.
Um registro feito pelo pesquisador Frederico Pernambucano de Melo, em seu livro “Guerreiros do Sol” mostra bem que em tempos de antanho, política e banditismo eram galhos de uma mesma árvore e por conseguinte praticavam dos mesmos abusos, com apenas uma agravante: enquanto o bandido lutava para se manter e sobreviver, o político lutava pelo poder.
Abaixo, algumas ocorrências praticadas por alguns coronéis que, em sua maioria, tinham vida política acentuada:
 1901- O Coronel Antônio Joaquim depõe violentamente seu correligionário político Antônio Róseo Jamacaru, assumindo o comando da situação em Missão Velha;
1904- Após um tiroteio que se inicia no dia 27 de junho e se prolonga até as 15:00 horas do dia 29, é deposto o chefe político do Crato, coronel José Belém de Figueiredo, pelo coronel Antônio Luiz Alves Pequeno, que recrutara um verdadeiro exercito privado em municípios vizinhos e no sertão pernambucano;
1906- Após oito horas de fogo, cai o chefe político de Barbalha, coronel Manuel Ribeiro da Costa, deposto pôr um correligionário seu;
1906- Chefiando 400 homens, o “major” José Inácio de Souza, do Barro, depõe o chefe situacionista de Aurora, coronel Leite Teixeira Neto, pondo em seu lugar o coronel Cândido Ribeiro Campos. O deposto tem seus bens saqueados e incendiados e é expulso do município;
1906- Os chefes políticos de Milagres, Missão Velha, Barbalha e outros municípios reúnem cerca de mil homens em armas para atacar o coronel Antônio Alves Pequeno, do Crato, que levanta um exército equivalente em sua defesa;
1907- O coronel Gustavo Lima depõe à bala o próprio irmão, coronel Honório Lima, assumindo o comando político em Lavras;
1908- A vila de Campos Sales é atacada pelo coronel Raimundo Bento de Souza Baleco, que depõe o chefe político José Maia;
1915- O coronel Raimundo Cardoso dos Santos, é deposto à bala, a 13 de junho, por líderes políticos de Brejo Santo;
1923- É assassinado em Fortaleza, por motivos políticos, o coronel e então deputado estadual Gustavo Lima, chefe de Lavras;
Eis aí o panorama político e social do sertão nordestino dos tempos de Lampião. A lei de Talião. A valentia não era apenas dom, mas atributo para se viver naquela terra cinzenta, de injustiças sociais e muitos chefes políticos insolentes que não eram taxados de bandidos, mas era tão ou mais bandido do que o tabaréu que para ele trabalhava e dos cangaceiros que viviam das armas, cobrando tributos e saqueando propriedades.
E o poeta Francisco das Chagas Batista nos deixa de herança alguns versos que bem exemplificam os costumes e a visão dos homens daquelas paragens:
Como ninguém ignora
Na minha pátria natal
Ser cangaceiro é a coisa
Mais comum e natural
Pôr isso herdei de meu pai
Este costume brutal…”

“No bacamarte eu achei
Leis que decidem questão
Que fazem melhor progresso
De que qualquer escrivão
As balas eram os soldados
Com que eu fazia prisão."

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