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Recife, Pernambuco, Brazil
O Blog Educar com Cordel é editado pelo poeta e escritor Paulo Moura, Professor de História e Poeta CORDELISTA. Desenvolve o projeto EDUCAR COM CORDEL que visa levar poesia e literatura de cordel para as salas de aula, ensinando como surgiu a Literatura de Cordel, suas origens, seus estilos, suas heranças. O Projeto Educar com Cordel é detentor do Prêmio Patativa do Assaré de Literatura de Cordel do MINC (Ministério da Cultura).

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

UM CORDEL SOBRE O CORDEL


À Partir de uma sequencia de aulas e oficinas de Cordel em salas de aula, me bateu uma vontade de contar a história do Cordel em forma de Literatura de Cordel. E foi dessa idéia que o projeto Educar com Cordel ganhou vida. Hoje, as palestras e oficinas de Cordel ficaram mais enriquecidas com a história sendo contada de forma lúdica. Poética e divertida. Este folheto (Um Cordel sobre o Cordel) estará sendo distribuido em breve para algumas escolas públicas de Pernambuco graças à iniciativa do Minc - Ministério da Cultura, através do Premio Patativa do Assaré, onde fomos contemplados. Quando da entrega deste Cordel às escolas selecionadas haverá uma mini oficina de Cordel e um recital poético para fechar com chave de ouro este trabalho que é feito com todo carinho para os jovens leitores e futuros poetas. Abaixo, leia a íntegra do folheto Um Cordel Sobre o Cordel, do Poeta Paulo Moura.  

A HISTÓRIA DO CORDEL

1
Eu vou contar pra vocês
De forma bem popular
A história do CORDEL
E a todos vou ensinar
Mostrando o quanto é fácil
RIMAR e METRIFICAR.

2
Mas para se conseguir
Escrever sem escarcéu
Versos com ORAÇÃO e RIMA
Lanço mão deste papel
E começo por falar
Da ORIGEM do CORDEL:

3
A poesia ilumina
Minh’alma neste momento
Pra que eu possa, nestes versos
Mostrar com conhecimento
O que é MOTE, VERSO e RIMA,
Será esse meu intento.

4
O CORDEL surgiu por causa
Da grande necessidade
Dos povos do velho mundo
Praticar a ORALIDADE
Contando os acontecidos
Para o povo da cidade.

5
Naquelas comunidades
Bem poucos sabiam ler
No século dezessete
Era triste de se ver
Pois se ali poucos liam
Pra quê então escrever?

 6
Surgiu então o FOLHETO
Que correu o mundo inteiro
Portugal, Espanha, França
Até que um aventureiro
Transportou nas caravelas
Para o solo brasileiro.

7
Chamavam de “Folhas Soltas”
Os FOLHETOS portugueses
Pliegos, Hojas, Corridos,
Na Espanha, e os franceses
“Literatura ambulante”,
E “Canard” os Ingleses.

8
Mesmo com nomes diversos
Em todo canto era igual
Envolviam narrativas
De cunho tradicional
Estórias de valentia
Ou assunto ocasional

9
De além mar, para o Brasil
Em forma de ORALIDADE
Veio aportar no Nordeste
E com a originalidade
Dos poetas sertanejos
Ganhou notoriedade.

10
Desde quando foi trazido
Pelos colonizadores
Lá na Serra do Teixeira
Os primeiros cantadores
Disseminaram a POESIA
Pelo Pajeú das flores.

11
O Vate Agostinho Nunes
Foi do cordel um herdeiro
Com Ugolino Sabugi
Que também foi pioneiro
Junto com o irmão Nicandro
Ambos, filhos do primeiro.

12
Foram os primeiros poetas
Da ala dos cantadores
Que em 1830
Mostraram os seus valores
Do sertão do Moxotó
Até o Pajeú das Flores

13
E o nome de CORDEL
É por causa da maneira
Que na Europa se expunha
Para se vender na feira
E com esse nome o “FOLHETO”
Atravessou a fronteira

14
E o CORDEL ganhou fama
Nas feiras e arruados,
Cidades de interior
Vendas, bodegas, mercados
E pelos cegos das feiras
Era muito recitado

15
Depois, em 1900
Ganhando notoriedade
O CORDEL, que era ouvido
Através da ORALIDADE
Para a gráfica seguiu
Pra se vender na cidade

16
Leandro Gomes de Barros
Foi o grande precursor
Da parte EDITORIAL
Que o CORDEL se transformou
O FOLHETO difundiu-se
Aumentando seu valor

17
João Martins de Ataíde
E Silvino Pirauá
Foram grandes precursores
Da arte de versejar
E o nosso CORDEL então
Viajou lá do Sertão
Até as pancadas do mar.

18
No ano 1900
Na década de 40
O CORDEL sofreu uma queda
Gradual, sofrida e lenta
Por causa da evolução
Dos meios de comunicação
Que o progresso fomenta

19
Televisão e jornal
Radio de pilha e correios
Foram chegando pra o povo
Que não tinha outros meios
E nem de longe sonhavam
Com internet ou emails

20
E das mãos do sertanejo
Nosso CORDEL foi sumindo
Porque o radio e a TV
Na sua casa foi surgindo
Que nem deu pra acreditar!
Ver o progresso acabar
Com um movimento tão lindo!

21
Mas outra duvida tiro
Pois nisso sou menestrel
Vou falar pra todo mundo
Da função e do papel
E dizer de forma clara:
Como é feito o CORDEL:

22
Criaram-se vários tipos
Vários ESTILOS e FORMAS
E pra editar um CORDEL
Existem regras e normas
De 8 a 16 folhas
Existem várias escolhas
E os temas são gerais
E tem também outros lances
Como os CORDÉIS de Romances
Com 30 ESTROFES ou mais

23
O seu assunto varia
De forma bem casual
Estória de aventuras
Lutas do bem contra o mal
Da sina de um Cangaceiro
De penitente, romeiro,
Ou tema circunstancial.

24
É escrito normalmente
Seguindo uma mesma trilha
A DÉCIMA, pouco usada
Ou mesmo a SEPTILHA
Contudo o mais usado
E que ficou consagrado
Foi o gênero: SEXTILHA

25
Alem da RIMA e da forma
Pra compor a EDIÇÃO
Tem algo muito importante
Na sua HARMONIZAÇÃO:
É escrito em sete sílabas
Pra dar METRIFICAÇÃO

26
Sete sílabas poéticas
É o que você vai usar
Para construir seis VERSOS
E para melhor ficar
Os VERSOS 2, 4 e 6
Entre si devem RIMAR

27
Outros formatos de RIMA
A SEXTILHA pode ter
Com rima ABERTA ou FECHADA
Você pode escrever
Contudo o estilo acima
É mais fácil de fazer

28
E é bom logo aprender
Que “VERSO” é cada LINHA
Que “ESTROFE” é o CONJUNTO
De VERSOS de um poeminha
E que RIMANDO, a POESIA,
Vai ficar mais bonitinha

29
Manoel Alexandrino
De Mendonça Serrador
Da ESTROFE de SETE LINHAS
Foi o idealizador
Uma linha a mais na sextilha
Ganhou mais graça e valor

30
SEPTILHA ou SETE PÉS
São SETE VERSOS rimados
A linha 2, 4 e 7
Vão rimar emparelhados
Linha 1 e 3 não rima
A 5 da 6 é prima...
...E tudo METRIFICADO!

31
A DÉCIMA é outro estilo
Que também é muito usado
Com sete silabas poéticas
(Que não tenha “pé quebrado”!)
Mas também vai ficar belo
Dez silabas em “MARTELO”
E se o cabra desejar
12 silabas poéticas
Ou 11 para ter métricas
De GALOPE a BEIRA MAR

32
A sua RIMA varia
Se tiver MOTE ou não
É bem fácil de fazer
Basta prestar atenção:
No esquema A,B,A,B,
C,C,D,E,E,D,
Não vai haver confusão

33
A sua 1ª linha
Deve rimar com a 3ª
Se a 2 com a 4 se alinha
A rima fica certeira
A 5 rima com a 6
E digo mais pra vocês
Que são alunos fieis
Se a 8 e a 9 rimar
Tá bom, e vai melhorar
Se a 7 rimar com a 10.

34
A poesia de dez linhas
É ideal pra usar
Quando alguém dá um MOTE
Para o poeta GLOZAR
Nesse caso nossa décima
Vai sua forma mudar:

35
Com MOTE a 1ª linha
Com a 4 e a 5 tem vez
A 2 vai rimar com a 3
Pra ficar bem casadinha
A 6 e a 7 juntinha
Vai rimar com a linha 10
Aprenda com os menestréis
Que bem melhor vai ficar
Se 8 com 9 rimar
Para o verso de dez pés

36
Existem diversas formas
De fazer verso rimado:
Meia Quadra, Gemedeira,
Quadrão e Mourão Voltado,
Tem baião de Gemedeira,
Parcela, Quadra, Ligeira,
E Martelo Agalopado.

37
Coloque o lápis de lado
E uma folha de papel
Lance mão deste livreto
E se sinta um Menestrel
Use a imaginação
E abra seu coração
Pra escrever “seu” Cordel.

38
E acredite que, na vida
Fazendo as coisas corretas
Não somos só sonhadores
Pois temos planos e metas
Estudar com alegria,
Ler muito e fazer poesia,
Pois o mundo é dos Poetas.

 (Quem quiser adquirir este folheto de Cordel, entre em contato com o Autor via email "paulodunga@bol.com.br" e saiba como receber o mesmo)
















Um comentário:

  1. Grande Cordel. poeta! Tu és um "malassombroso" mermu!!!
    abraço
    Marcos Passos

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