Quem Somos

Minha foto
Recife, Pernambuco, Brazil
O Blog Educar com Cordel é editado pelo poeta e escritor Paulo Moura, Professor de História e Poeta CORDELISTA. Desenvolve o projeto EDUCAR COM CORDEL que visa levar poesia e literatura de cordel para as salas de aula, ensinando como surgiu a Literatura de Cordel, suas origens, seus estilos, suas heranças. O Projeto Educar com Cordel é detentor do Prêmio Patativa do Assaré de Literatura de Cordel do MINC (Ministério da Cultura).

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

CORDEL: A Musica de Gonzaga (Paulo Moura)


1
Querido e nobre leitor
Que é amante da cultura
Vou falar de forma pura
De um homem de valor
Que foi grande condutor
Nas vielas do destino
Que aprendeu desde menino
A propagar sua saga
Falo de Luiz Gonzaga
Nosso vate nordestino.
2
Grande mestre do Baião
Gonzaga abraçou a lida
E se dedicou, em vida,
A decantar o Sertão,
Cantou seca, solidão,
Lembranças, dores, seqüelas,
Compôs narrativas belas
Falando de Lampião,
E ao Padre Ciço Romão
Fez poesias singelas.
3
O Frei Damião também
Foi por Gonzaga citado
No seu cantar ritmado
Pela fé que o povo tem
Cantou aqui e além
Levou, de forma segura
Para toda a criatura
Deste tão vasto país
Sem desprezar a raiz
Da sua bela cultura.
4
E na sua trajetória
Não se esqueceu do divino
Pois, do povo nordestino
É fruto da mesma estória
Inverno é tempo de glória
Para o povo do sertão
Mas quando chega o verão
É seca, dor e inclemência
E o pobre faz penitência
Louvando FREI DAMIÃO.
5
A religiosidade
Desse vate itinerante
Foi um traço bem marcante
Na sua identidade
Misturou simplicidade
Com atitudes ousadas
Seguiu com fé nas estradas
Como segue em procissão
O povo do seu Sertão
Com fé nas coisas sagradas.
6
Para falar do seu povo
O Rei não poupou espaço
Se referiu ao cangaço
Que no sertão foi estorvo
Tinha sempre um verso novo
Pra louvar sua ribeira
Com “Maria Cangaceira”
E o seu “Lampião Falou”
Luiz Gonzaga mostrou
Que era artista de primeira.
7
Quando ainda era menino
Falou pra a mãe certo dia
Que quando crescer queria
Ser igual a Virgulino!
Ainda bem que o destino
Mudou-lhe a predileção
Não foi igual Lampião
E nem virou cangaceiro,
Não foi herói bandoleiro
Mas foi o Rei do Baião.
8
Canções de exílio e esperança
Cantou para o sertanejo
Que vivia no desejo
De uma bem aventurança
Que sempre teve à lembrança
As coisas do seu torrão
Estando no sul ou não
Tentando sobreviver
Jamais pôde se esquecer
Do seu querido sertão.
9
Raimundo Jacó ganhou
Por ser um vaqueiro forte
Em razão de sua morte
A festa que o consagrou
Luiz Gonzaga criou
O festim religioso
E o vaqueiro corajoso
Que é o mais homenageado
Fez do profano e o sagrado
Um evento valoroso.
10
Adotava um visual
Bem típico do Sertão
Chapéu de couro, gibão
Alpercata e embornal,
De esplendor sem igual
Esse traje lhe deu sorte
Pois apesar de dar porte
Uma mensagem supunha
Do mestre Euclides da Cunha:
- O sertanejo é um forte!
11
Nas festas de romaria
Gonzaga se fez presente
Exaltando o penitente
Que pra Juazeiro ia
Cantava e bendizia
O Padre Ciço Romão
Que o povo em procissão
Sua promessa pagava
E ao Padre homenageava
Com versos de Gonzagão.
12
No “Milagre em Juazeiro”
Falou que o romeiro vinha
Pra ver Beata Mocinha,
Criada do padroeiro,
Quando o padre milagreiro
Com fé lhe abençoou
Na hora que ela provou
Da hóstia consagrada
Como coisa inesperada
A sua boca sangrou.
13
Relatou emocionado
O êxodo nordestino
Que mudava o destino
Do tabaréu do roçado
Que, sem criação de gado,
Nem nada que seja seu
Pro sul do país correu
Foi morar noutro lugar
Mas sempre sonhou voltar
Pro torrão onde nasceu.
14
Gonzaga representava
Esperança e redenção
E foi com sua canção,
Que pro sertão dedicava,
Que, cantado, ensinava
O sertanejo a rezar,
Ter fé e acreditar
Com coragem e devoção
Que um dia para o sertão
O matuto ia voltar
15
Cantava as coisas que via
Pois, aprendeu bem menino
A admirar Virgulino
Que no cangaço vivia
Na canção não escondia
O amor por “Ciço Romão”,
Também no “Frei Damião”
Muita fé depositava
Do mesmo jeito que amava
As coisas do seu sertão.
16
E foi o Rei do Baião
Que com a sua poesia
Com coragem, simpatia
E com determinação
Ousou deixar o sertão
E saiu a procurar
Qualquer cantinho ou lugar
Para mostrar com prazer
O que mais soube fazer:
Tocar Sanfona e cantar.


Paulo Moura

2 comentários:

  1. Caro poeta,
    Coloque o poema num folheto, está bom demais.
    Dalmo

    ResponderExcluir
  2. Gostei Paulo,
    As décimas ficaram ótimas.
    Meu abraço,
    Dalinha

    ResponderExcluir

Comenta aí: